"Há uma identificação pessoal com o sofrimento alheio. A pessoa se coloca no lugar da mãe, do pai, da esposa e do filho que perdeu alguém", afirmou a psicóloga Séphora Cordeiro
"Há uma identificação pessoal com o sofrimento alheio. A pessoa se coloca no lugar da mãe, do pai, da esposa e do filho que perdeu alguém", afirmou a psicóloga Séphora Cordeiro | Foto: Douglas Magno/AFP



A queda da aeronave que levava a delegação da Chapecoense para a Colômbia vai deixar marcas profundas e incuráveis no Verdão do Oeste de Santa Catarina, na simpática cidade de Chapecó e também no futebol brasileiro.
A morte de 71 pessoas nas montanhas próximas a Medellín é o maior acidente aéreo com uma delegação esportiva na história e, por isso, a repercussão foi enorme em todos os cantos do planeta. Da mesma magnitude da comoção e da tristeza surgiram centenas de atos e manifestações de carinho e solidariedade, que vieram de todos os lados. De clubes brasileiros e do exterior, atletas, artistas, personagens da política e, sobretudo, de torcedores e de pessoas comuns.
A psicóloga Séphora Cordeiro explica que a sociedade atual nos coloca em contato com a morte diariamente, em razão da violência presente em todos os lugares, mas acontecimentos desta magnitude levam as pessoas a uma comoção muito grande. "Há uma identificação pessoal com o sofrimento alheio, mesmo sem ser próximo e, neste caso, mesmo não sendo ligado ao futebol. A pessoa se coloca no lugar da mãe, do pai, da esposa e do filho que perdeu alguém", ressalta.
Além das mortes, a Chape viu ruir um sólido projeto de expansão esportiva que em poucos anos levou o clube da Série D à Série A do Campeonato Brasileiro e a decisão da Copa Sul-Americana. Repor a altura tantos profissionais – no acidente morreram além de jogadores, diversos membros da comissão técnica e muitos dirigentes – e buscar recursos financeiros para se reerguer serão desafios a partir de agora na vida do clube.
Em uma tentativa de ajudar nesta reconstrução várias equipes já se colocaram à disposição para emprestar jogadores de forma gratuita, repassar dinheiro arrecadado em jogos e defender junto a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que a Chapecoense jogue a Série A nos próximos três anos sem o risco de ser rebaixada. "As reações de solidariedade são diferentes de acordo com a história de vida de cada pessoa. Mas, temos incrustada na nossa cultura a busca por amenizar o sofrimento alheio com atos solidários", revela a psicóloga.
A paixão que os moradores de Chapecó tem demonstrado pelo clube pode ser o principal combustível para que os que ficaram não desanimem na missão de manter o clube no mesmo patamar. Segundo ela, a cidade de Chapecó não é grande (cerca de 200 mil habitantes) e isso vai deixar as pessoas ainda mais próximas e com maior poder de mobilização.
"A probabilidade daqueles que permaneceram trabalharem arduamente para manter o que estava sendo construído em consideração e homenagem aos que se foram é muito grande", frisou.