A residência do presidente do COB foi alvo de um mandado de busca e apreensão durante a operação Unfair Play
A residência do presidente do COB foi alvo de um mandado de busca e apreensão durante a operação Unfair Play | Foto: Apu Gomes/AFP



Rio de Janeiro - O bloqueio nas contas do presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, indica que o dirigente mantinha mais dinheiro em vivo em casa do que em suas contas bancárias. O Banco Central informou à Justiça Federal nesta quarta-feira (6) ter encontrado R$ 148,3 mil em cinco contas bancárias de Nuzman. O valor é um terço dos R$ 480 mil em dinheiro vivo, em cinco moedas distintas, encontrados pela Polícia Federal na residência do cartola na deflagração da Operação Unfair Play, deflagrada na terça (5). A operação investiga o suposto pagamento de US$ 2 milhões (R$ 6 milhões) para o senegalês Lamine Diack, membro do COI (Comitê Olímpico Internacional) na eleição que escolheu o Rio como sede da Olimpíada de 2016.

Nuzman é investigado sob suspeita de ter feito a "ponte" entre o esquema de corrupção do governo Sérgio Cabral e os membros do COI. A propina ao senegalês foi debitada, segundo a Procuradoria, da devida pelo empresário Arthur César de Menezes Soares, o "Rei Arthur", ao peemedebista. O empresário obteve mais de R$ 3 bilhões em contratos com o Estado. O bloqueio de bens atendeu a um pedido do MPF (Ministério Público Federal) para garantir o pagamento de danos morais coletivos em caso de condenação dos réus. Para os procuradores, o caso de corrupção provocou danos à imagem do País no exterior. O valor solicitado foi de R$ 1 bilhão.

O volume de dinheiro vivo foi um dos itens considerados suspeitos por procuradores durante a investigação. Relatório do Coaf apontou que foram feitos saques de R$ 1,4 milhão entre 2014 e 2015 nas contas do COB. O Banco Central informou ter bloqueado R$ 33,1 milhões em contas bancárias dos investigados na Operação Unfair Play e de suas empresas. Quase a totalidade dos recursos foram encontrados em nome de companhias ligadas a Soares. Contudo, nenhum valor foi encontrado nas contas do empresário, atualmente foragido, nem nas de sua sócia Eliane Cavalcante, presa na terça (5).