Depois de anunciar a sua aposentadoria dos gramados em um pronunciamento no início da tarde de ontem, no qual também confirmou que irá assumir o comando do Milan como técnico, o meia Clarence Seedorf afirmou em seguida, durante entrevista coletiva, que não poderia recusar a proposta feita pelo clube italiano. O astro de 37 anos fez história com a camisa milanista e agora concluiu que chegou a hora de assumir um novo desafio profissional.
Ele admitiu que seguiria no Botafogo se o técnico Massimiliano Allegri não tivesse sido demitido na última segunda-feira, mas lembrou da sua relação antiga com o time de Milão. "É o lugar em que fiquei dez anos da minha vida, o relacionamento com o presidente (Silvio Berlusconi) é muito forte. Quando ele me pediu, não poderia falar que não", enfatizou, lembrando da ligação que recebeu do dirigente italiano.
O craque também assegurou que estava preparado para tomar este tipo de decisão. "Conversei com a minha família ontem (segunda-feira), em um jantar, e todo mundo ficou tranquilo", ressaltou. "Estou feliz e satisfeito, não tenho arrependimento. Posso me aposentar tranquilo. Poderia jogar muito mais, treinar mais. Ver a garotada treinando me motivava. O Brasil, que me abraçou, não vou esquecer nunca mais, acho que dei algo importante, que fiz isso e por isso estou tranquilo para fechar (se aposentar)", completou, lembrando do último jogo da sua carreira, no qual ajudou o Botafogo a bater o Criciúma por 3 a 0, diante de mais de 34 mil torcedores no Maracanã, quando marcou um gol aos 42 minutos do segundo tempo e garantiu a classificação botafoguense para a Libertadores.
Seedorf, entretanto, negou que este tenha sido um adeus definitivo ao Botafogo. Ele iria ontem até Saquarema (RJ), onde o time realiza pré-temporada, para se despedir dos jogadores, voltar ao Rio e depois seguir rumo a Milão. No futuro, porém, ele não descartar fazer um jogo festivo com a camisa botafoguense.
"Não é um adeus. Mais na frente terei condições de dar um abraço na torcida. Agradeço ao carinho durante um ano e meio, foi una relação bonita. Nossa torcida aprendeu o que o Botafogo precisa para ser vencedor. Meu último jogo com o Botafogo, fazendo gol, foi decisivo, foi maravilhoso. Isso que gostaria de ver sempre daqui para frente. Agradeço ao torcedor e gostaria de fazer isso fisicamente um dia", afirmou.
O holandês deixou claro que sai do Botafogo com a sensação de dever cumprido, pois conseguiu servir como referência e liderar o time em uma temporada positiva em 2013, coroada em seu fim com a volta do time à Libertadores após 17 anos de ausência. "Queria deixar um legado importante no Botafogo."
"Esse para mim era o desafio, de fazer voltar a brilhar essa estrela, e ela está brilhando bem", destacou, admitindo também que teria plenas condições físicas de seguir atuando, mas acabou se convencendo de que chegou a hora de se aposentar. "Gosto de desafios, e esse é mais um", apontou, para também sublinhar que "a vida de jogador de futebol não é eterna".
Já falar de como será o futuro do clube sem ele, Seedorf acredita que o time poderá seguir alcançando bons resultados. "Desejo que o Botafogo possa manter a autoestima, pois o nível geral dentro do Botafogo melhorou o desempenho de todo mundo. As pessoas que estão aqui têm condições de manter o Botafogo onde ele tem de estar. Tecnicamente, a gente já sabe que muito time melhor, mas o Botafogo, por causa do nosso espírito de grupo, supera isso", disse.