Pesa contra Nuzman e-mail enviado por ele ao Comitê da Rio-16 solicitando pagamento de R$ 5,5 milhões a um escritório de advocacia para sua defesa criminal
Pesa contra Nuzman e-mail enviado por ele ao Comitê da Rio-16 solicitando pagamento de R$ 5,5 milhões a um escritório de advocacia para sua defesa criminal | Foto: Miguel Schincariol/AFP



Rio de Janeiro - O juiz Marcelo Bretas converteu nesta segunda-feira (9) a prisão temporária do presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman, em preventiva, o que torna sua saída da cadeia sem prazo definido. Na mesma decisão, o magistrado renovou a prisão temporária de Leonardo Gryner.
Bretas entendeu que ambos ainda podem interferir nas investigações sobre a suposta compra de votos na eleição do COI (Comitê Olímpico Internacional) que escolheu o Rio como sede da Olimpíada de 2016. O caso de Nuzman foi considerado mais grave em razão do e-mail em que o dirigente determina o pagamento de R$ 5,5 milhões com recursos do comitê organizador da Rio-16 a um escritório de advocacia para sua defesa criminal.
"O investigado ocupa a presidência do COB há mais de 20 anos, exercendo grande poder e influência sobre seus integrantes, provavelmente, a maioria lá colocada por ele. Tal influência ficou clara com a situação anteriormente exposta em que bastou um e-mail de Nuzman para efetivar o pagamento de R$ 5.500.000,00 (cinco milhões e quinhentos mil reais) para a prestação de serviços advocatícios", escreveu Bretas.
Embora o e-mail indique emissão de nota fiscal para o serviço e aprovação para o pagamento, a assessoria do comitê Rio-16 afirma que o pagamento não foi feito. Segundo o órgão, houve veto do Conselho Diretor, que determinou o cancelamento da nota fiscal.
Gryner teve a prisão temporária renovada porque a Polícia Federal ainda não conseguiu acessar o e-mail da ex-secretária de Nuzman, Maria Celeste, para quem o senegalês Papa Massata Diack enviou mensagens cobrando a suposta propina. O magistrado entendeu que até a disponibilização dessas mensagens há risco à investigação.
O e-mail impresso apreendido na casa de Nuzman aponta que ele autorizou o uso de R$ 5,5 milhões para pagar o escritório de advocacia de Nélio Machado, que o defende no caso. A mensagem determina o pagamento da quantia em 25 de setembro, enquanto o contrato seria aprovado dois dias depois pela diretoria da Rio-2016.
O Comitê Organizador da Rio-2016 acumula mais de R$ 110 milhões em dívidas com fornecedores. A prisão encerrou as negociações do COI para ajudar na quitação dos débitos. O diretor de comunicação do comitê, Mário Andrada, afirmou que o órgão não pagou os honorários dos advogados de Nuzman. Ele disse que a nota fiscal emitida em nome da entidade foi cancelada.

A PRISÃO
Nuzman está preso desde quinta sob acusação de intermediar propina de US$ 2 milhões a membro do COI (Comitê Olímpico Internacional) para a escolha do Rio como sede da Olimpíada. A prisão determinada pelo juiz Marcelo Bretas na quinta é temporária e venceria nesta terça (10). O Ministério Público Federal afirma que os e-mails impressos encontrados na casa de Nuzman indicam que ele tinha o objetivo de atrapalhar as investigações.
Há ainda um roteiro de medidas a serem tomadas para regularizar, segundo a Procuradoria, "patrimônio não condizente com as declarações de imposto de renda apresentadas à Receita Federal".
A defesa de Nuzman argumenta que a retificação do Imposto de Renda foi feita dentro da lei e ressalta que Nuzman, como presidente do Rio-2016, não tinha poder de decisão. Qualquer contratação acima de R$ 300 mil como as citadas na denúncia precisava ser aprovada por um Conselho Diretor.

FUTURO POLÍTICO
Sair ou não da cadeia antes desta quarta-feira (11) pode ser decisivo para o futuro político de Nuzman, que na última sexta (6) havia apresentado um pedido de afastamento do COB. Nesta quarta, a assembleia do COB se reúne no Rio para acatar o pedido, que pode se tornar um afastamento definitivo.
Paulo Wanderley, eleito vice-presidente em chapa conjunta no ano passado, já assumiu o COB de forma provisória e dá indícios de querer se manter no cargo sem o risco de um retorno de Nuzman.