Segundo os atletas, o colete sonoro ajuda a localizar o adversário com precisão
Segundo os atletas, o colete sonoro ajuda a localizar o adversário com precisão | Foto: Anderson Coelho


Londrina recebeu neste fim de semana, pelo segundo ano consecutivo, o Campeonato Brasileiro de Taekwondo, que reuniu em três dias de competições mais de 600 atletas de 23 estados no Ginásio de Esportes Moringão. Além das lutas simultâneas e ciclos de palestras, o local também foi palco da apresentação de novos equipamentos, que são adaptados para atletas que possuem deficiência visual.

Considerados uma inovação no esporte, os coletes de proteção emitem dois tipos de sons, que vão soando com mais intensidade conforme a aproximação do adversário. "O colete tem o som, com duas batidas em um, e no outro apenas uma. Quando a pessoa está lutando, ela consegue se aproximar e perceber que o adversário está perto, podendo pontuar", explicou Odair Lopes Moraes, da Sulsport Artes Marciais, empresa do Rio Grande do Sul responsável por desenvolver a tecnologia.

A apresentação para técnicos e membros da CBTKD (Confederação Brasileira de Taekwondo) ocorreu com atletas videntes, que colocaram vendas nos olhos e puderam vivenciar os desafios de quem possui a deficiência. "Fiz o teste e percebi que a frequência dos coletes é bem audível. Ele ajuda a localizar com precisão o adversário. Acredito que irá ajudar muito aqueles que não possuem a visão", contou Eduardo Andrade, 18, membro da Seleção Paranaense de Taekwondo. O colete foi batizado D+eficiente.

A produção da tecnologia do equipamento durou cerca de cinco anos e a ideia é que ele seja usado ainda em 2017, no Brasil Open da modalidade, previsto para outubro, também em Londrina. "Vamos convidar alguns atletas deficientes visuais para esta competição, para que eles possam estrear. Assim, a abrangência em outros campeonatos e estados será maior", afirmou Fernando Madureira, presidente da FEL (Fundação de Esportes de Londrina). O Paraná será o primeiro estado brasileiro a adquirir os coletes.

TECNOLOGIA
Além de servir para deficientes visuais, o colete também é destinado para ajudar os atletas em geral a se acostumarem com a tecnologia sensorial, que desde as Olimpíadas de Londres, em 2012, faz parte do taekwondo. Nela, quando os alvos são tocados, o sistema contabiliza os pontos. Com o equipamento 100% brasileiro, os praticantes da luta poderão, nos treinos, visualizar os golpes que recebem por meio de luzes de lead.

"Hoje, percebemos que o atleta perde muito tempo olhando para o placar durante a luta, para ver se o golpe foi deferido ou não. Nessa olhada, ele perde a percepção da luta e acaba se desconcentrando. O sistema foi criado para que ele possa ter confiança do golpe, que vai aparecendo em um visor que está do lado esquerdo do protetor. São luzes que vão acendendo conforme o golpe é contabilizado, zerando quando chega a oito", afirmou Moraes.

Natural de Cascavel (região oeste), o jovem Cleiton Daron, 19, aprovou a ajuda para os treinamentos. "Não treinamos com o colete sensorial e por isso, se tivermos esse equipamento para treinar, vai facilitar, porque será nítido para nós e vamos poder nos preocupar mais com a luta, nos acostumando", acredita. O colete com as duas tecnologias foi aprovado pela CBTKD e deverá entrar na pauta da próxima assembleia da confederação, para que possa ser levado até outras federações do Brasil.

COMPETIÇÃO EM LONDRINA

Utilizando materiais das Olimpíadas Rio 2016, o Campeonato Brasileiro de Taekwondo chegou ao fim neste domingo (25), premiando dezenas de atletas das categorias infantil, cadete, juvenil e sub-21, que ganharam 20 pontos no Sistema de Ranking Nacional, medalha e ainda garantiram a Bolsa-Atleta para o ano que vem. Segundo Fernando Madureira, eventos deste porte trazem diversos benefícios para Londrina. "O fato do evento ser em Londrina dá visibilidade para a cidade e faz com que ela se mantenha como uma capital nacional do taekwondo, sendo uma referência. Isso sem contar a parte turística".