Meninas fizeram história sábado ao participar do primeiro jogo de futebol americano feminino de Curitiba
Meninas fizeram história sábado ao participar do primeiro jogo de futebol americano feminino de Curitiba | Foto: Fotos: Divulgação/Curitiba Silverhawks



Curitiba - Empurradas pela torcida, que lotou as arquibancadas do Complexo Esportivo Brown Spiders, no bairro Tarumã, as mulheres do Curitiba Silverhawks fizeram história no último sábado (22), ao protagonizarem o primeiro jogo oficial de futebol americano feminino da cidade e também do Paraná. Apesar de doído, o placar, 22 a 6 para o Brasília Pilots, na estreia do Campeonato Brasileiro da modalidade, foi o que menos importou. Ao final da partida, sobraram aplausos, abraços, lágrimas de felicidade e uma certeza: essa trajetória está apenas começando.

Mais experientes, ainda que igualmente novatas na competição, as visitantes dominaram o primeiro tempo, quando abriram 22 a 0, com três touchdowns, e souberam administrar a vantagem. "Eu adoro as meninas do Silverhawks. Tenho um carinho muito grande pela Ester [Biss de Alencar], presidente e quarterback do time, mas a gente veio muito motivada e conseguiu, com nossa raça, nossa força e muito respeito ao trabalho delas, vencer", afirmou a offensive line Kika Carvalho, capitã do time de especialistas do Pilots.

"Costumo dizer que quando a gente nasce mulher já nasce no nível hard das coisas. Jogar futebol americano no Brasil é difícil, sendo mulher, então, dá para imaginar... Muito bonito viver isso aqui", completou. "Foi muito importante para a história da mulher e a história do futebol americano. As equipes em campo estruturadas, um estádio, um público muito bom assistindo e torcendo... Algumas coisas não deram muito certo e a gente vai ajustar para o próximo jogo, mas tudo é um aprendizado", disse a center Joceli Bertoja, do Hawks.

Para a free safety Polyana Cristiana Alves Brephol, também das donas da casa, a partida foi, de fato, apenas o primeiro passo. "A gente tomou muita pressão no primeiro tempo; precisava disso para sentir o jogo. E conseguiu evoluir bastante no segundo tempo. O placar menos importa. O importante é que o futebol americano feminino vai crescer muito. Tem várias equipes se formando e, se hoje temos um campeonato com seis times, vamos ter muito mais no próximo", opinou.

Imagem ilustrativa da imagem Futebol americano - Elas colocam o Paraná no mapa



BARREIRAS
Antes mesmo de entrarem em campo, as paranaenses tiveram de superar uma série de obstáculos, que vão desde a falta de incentivo e visibilidade até a difícil busca por patrocínio. Para custear despesas como o aluguel do estádio e a viagem a Sinop (MT), onde acontece o segundo jogo do torneio, em setembro, contra o Sinop Coyotes, elas iniciaram uma campanha de financiamento coletivo, fizeram rifas e "pedágios solidários". "Fiz um cálculo e demoraria 27 horas de carro. Então, a gente tem que ir de avião e é difícil conseguir passagem por menos de R$ 800", explicou Ester.

O Curitiba Silverhawks existe desde 2015 e conta hoje com 38 atletas ativas. Mas foi em 2017 que a equipe se "desprendeu" do Brown Spiders, passando a ser de fato um clube feminino, o primeiro independente do sul do País. Quem tiver interesse em colaborar pode acessar o link www.kickante.com.br/campanhas/curitiba-silverhawks-no-campeonato-brasileiro. Ou, para conhecer mais sobre o projeto, basta curtir a página www.facebook.com/CuritibaSilverhawks. Disputam o Campeonato Brasileiro, ainda, o Fluminense Cariocas, o Big Riders FA (ambos do Rio de Janeiro), e o Spartans Football (de São Paulo).