Ex-goleiro do Tubarão, técnico começou a carreira fora de campo no futebol de base em Londrina



Rio de Janeiro - Desconhecido pela maioria dos torcedores até o início da Rio-2016, o baiano Rogério Micale, 47, decidiu ousar e entrou para a história do futebol brasileiro.
Com um time no ataque desde o início do torneio, ele conquistou o inédito ouro olímpico para o futebol masculino no Maracanã. Com isso, fez o que uma série de treinadores mais consagrados que ele no futebol não conseguiram.
Zagallo, Vanderlei Luxemburgo, Dunga e Mano Menezes foram alguns dos que tentaram subir ao ponto mais alto do pódio olímpico, mas fracassaram.
Chamado às pressas pela CBF em junho após Tite recusar o convite, Micale costuma dizer que se preparou ao longo dos seus 47 anos de vida para ter o sucesso reconhecido no Maracanã lotado.
Ele foi goleiro, estudou educação física, trabalhou por anos no futebol de base e se aprimorou em cursos no exterior.
Fã de Pep Guardiola, ex-técnico do Barcelona e hoje no Manchester City, e de Paulo Autuori, com passagens por São Paulo e Cruzeiro, o baiano de Salvador é uma lufada de frescor no futebol brasileiro.
Micale armou a seleção sempre em busca do gol durante o torneio e terminou a Olimpíada com um time com quatro atacantes. Ao explicar a sua estratégia, ele definiu como "caos" no futebol. Chegou a comparar com a movimentação do seu time ao trânsito das grandes cidades da Índia.
"Você olha aquela movimentação constante e parece uma loucura. Mas tem um sentido. Se não tivesse, todos estariam mortos no final do dia", afirmou Micale.

FUTURO
Antes do título, ele comandou o time sub-20 no vice-campeonato do Mundial da Nova Zelândia, no ano passado, e foi medalha de bronze no Pan de Toronto-15. Agora, Micale não descarta assumir um time de ponta. "Ainda não tenho ideia da proporção que isso [a medalha de ouro] vai gerar na minha carreira. Mas vou continuar trabalhando. Não sei o que a vida me reserva no futuro, mas continuarei com aquilo que acredito, trabalhando da forma como imagino o futebol", afirmou o treinador.
"Uso como referência a passagem bíblica de Davi e Golias. Quando foram escolher quem ia lutar contra o gigante, olharam e não tinha mais ninguém. Tinha só um escondidinho. Me senti assim", disse o treinador.
"Era o menos conhecido dessa seleção. Tive oportunidade de mostrar no que acredito, os conceitos que me preparei e me sinto realizado. Me sinto privilegiado de ter trazido a primeira medalha de ouro", acrescentou.