A viúva Letícia com o filho do goleiro, Lorenzo: à espera de um acordo com a Chapecoense
A viúva Letícia com o filho do goleiro, Lorenzo: à espera de um acordo com a Chapecoense | Foto: Fotos: Ricardo Chicarelli



Na semana em que a tragédia com a delegação da Chapecoense completa um ano, a casa da família Padilha, em Cianorte (Noroeste), continua sendo o destino de muitos amigos, conhecidos e até de pessoas pouco próximas que vão prestar a sua solidariedade pela morte do goleiro Danilo.

A residência, localizada na tranquila Vila Sete, é o porto seguro de Ilaídes Padilha há 35 anos, exatamente quando se mudou para Cianorte para se casar com Nilson Padilha. A matriarca da casa recebeu a equipe da FOLHA com um sorriso no rosto e já avisou: "Foi neste campo que o Danilo começou a jogar", apontando para o campo de futebol suíço localizado do outro lado da rua. "Parece que o Danilo jogou com todo mundo. Vem gente aqui de todas as idades dizendo que jogou com o Danilo, que estudou com ele, que treinou com ele, que viu ele jogar. Tem gente que vem aqui e não diz nada, somente me abraça e vai embora. Isso conforta", revelou, com os olhos marejados.

O movimento constante na casa, as inúmeras viagens, homenagens e compromissos comprovam o quanto Danilo era querido e respeitado na sua terra natal, nas demais cidades por onde jogou e em Chapecó, mas também levam a mãe do jogador a se preocupar com o futuro.

"Vai fazer um ano que não tive tempo de parar, quero deitar para descansar e não consigo. Não chorei ainda aquele choro de uma mãe que perdeu o filho. Não sei quando vou ter que passar por estas fases do luto que pulei. Não sei se foi bom ou ruim", apontou.

Ilaídes reconheceu que ficar em casa não é fácil e as lembranças se tornaram ainda mais doloridas quando ela apresentou o "quarto do Paredão". O cômodo, localizado nos fundos da residência, abriga fotos, pôsteres, camisas, troféus, presentes e lembranças da carreira de Danilo. "Este espaço, ele tinha a intenção de fazer na casa dele", recordou. "Talvez a única fase do luto que não tenha pulado é a da fuga. Não queria ficar em casa porque sabia que aqui era o lugar onde ele ia chegar. Queria fugir desta realidade e talvez esteja fugindo até hoje."

Ilaídes, porém, não se entregou e se apega às boas lembranças e à solidariedade para seguir em frente. "Eu encontro as pessoas na rua e elas choram também. As lágrimas lavam a alma e acho que vou chorar o resto da vida. Dizem que a minha força conforta muita gente e isso me anima a seguir em frente para cuidar do Lorenzo, por exemplo", afirmou, se referindo ao filho de Danilo, de três anos. "Não procuro pensar muito no amanhã e vou encarando as dificuldades aos pouquinhos. Mas Deus é tão bom para mim que sempre me envia os anjos para os dias difíceis."

Indenização

A família de Danilo ainda aguarda um acordo com a Chapecoense para o recebimento de indenizações trabalhistas. De acordo com a esposa do atleta, Danilo havia renovado contrato com o clube em maio de 2016 até o fim de 2018. Letícia explicou que a Chape fez o acerto apenas do período entre a renovação do vínculo e dezembro do ano passado, pagando apenas 40% dos salários que o goleiro recebia em carteira.

"No começo o contato com a diretoria do clube foi muito difícil, mas agora há uma abertura maior de negociação. Ainda acreditamos em um acordo com o clube, mas não há previsão para que se resolva. Sem uma solução destas questões, fica ainda mais difícil superar tudo e tocar a vida em frente", ressaltou.