Imagem ilustrativa da imagem Ex-jogadores e torcedores celebram conquistas do Tubarão
| Foto: Gina Mardones



Sônia Regina Rublo conviveu com vários jogadores da história do Londrina. A filha do centroavante Zui, bicampeão amador pelo LEC em 1958 e 1959 chegou ao memorial na manhã deste sábado (16) em busca de fotos e objetos do pai. O centroavante faleceu há um ano, mas a paixão pelo time alviceleste seguiu no coração da filha. "Isso está no sangue", contou após mostrar a imagem do pai junto ao time bicampeão, uma das primeiras formações do LEC fundado em abril de 1956. O neto de Zui continua em campo, mas como árbitro.

A família doou faixas, camisas e até a chuteira usada pelo jogador. Desde 1981, ela coleciona anotações de todos os jogos do Londrina Esporte Clube. Nos rascunhos constam a escalação, as substituições, o placar e outros detalhes. O momento mais marcante para a torcedora, no entanto, foi em 1980 com a conquista da Taça de Prata. "Assisti a todos os jogos do LEC em Londrina naquele campeonato", lembrou. Rublo citou ainda "gols de cabeça do Garcia que mandava beijinhos para a torcida", além do gol decisivo de Márcio Alcântara na campanha pelo título do Campeonato Paranaense de 1992.

Alcântara atuou nas categorias de base do LEC, foi vendido para o Palmeiras, jogou pelo Sport em Recife e retornou ao time alviceleste em 1992. Ao olhar o troféu do Campeonato Paranaense em uma das salas do Memorial do LEC, o jogador se emocionou e relembrou a conquista. "O primeiro jogo da final acabou empatado. No segundo, a gente estava perdendo de 2x0, conseguiu empatar e levar a decisão para o terceiro jogo. Eu fiz o gol desse empate aos 40 e tantos minutos do 2º tempo. Foi muito emocionante", contou.

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| Foto: Gina Mardones



Pouca gente presenciou o gol de cabeça do zagueiro. Ele conta que a maioria dos torcedores deixou o estádio antes do final da partida, já desacreditados e conformados com a força do rival União Bandeirante. "Muita gente só comemorou depois quando viu na televisão. Essa ideia do construir o memorial é sensacional. Revi fotos de amigos que contribuíram muito para o time", elogiou Alcântara.

Outro ex-jogador do LEC, Jair Borges, lateral-esquerdo entre 1978 a 1985, chegou a ser convocado para a seleção brasileira em 1981. Ele também atuou pelo Flamengo no ano seguinte. Para Borges, rever a fotografia com os demais atletas convocados para a seleção trouxe à memória fatos marcantes na carreira. "Meu primeiro jogo pelo Londrina foi em Paranavaí aos 17 anos de idade. Joguei com o Neneca! Eu não me esqueço porque era muito jovem e os caras experientes me deixaram muito a vontade. Isso foi muito importante para um menino da base", lembrou.



HISTÓRIA PRESERVADA

A inauguração do Memorial do LEC neste sábado contou com a presença de ex-jogadores, torcedores, ex-presidentes do time e integrantes do Londrina que participaram de uma grande festa durante todo o dia no estádio VGD. As salas do museu reúnem troféus, fotografias, faixas, camisas e objetos que rememoram os 61 anos do clube. A intenção é ampliar ainda mais o acervo com a colaboração dos torcedores. "É um novo capítulo que começa a ser contado na história do time. Espero que essa história se mantenha viva com a organização desse espaço", destacou o presidente do Londrina, Claudio Canuto.

O memorial leva o nome do "guardião do VGD", Edson Henrique dos Santos, funcionário que atua há mais de 30 anos junto ao clube. Nesse período, Santos comemorou as conquistas do time, mas também se desdobrou para conservar o estádio e ajudar os jogadores. "O futebol se não tiver dinheiro é complicado. Já faltou de tudo aqui, até comida. Já tirei muito do bolso para ajudar os meninos. Já contei com a ajuda de dono de mercado e de padaria para ajudar o time. É bom ver a transformação do time nos últimos anos com o sucesso no campo e as contas em dia", afirmou.

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Os altos e baixos do LEC foram acompanhados por torcedores fiéis como Milton Aparecido da Silva, um dos homenageados durante a inauguração. Miltinho foi um dos fundadores da primeira torcida organizada do Londrina Esporte Clube na década de 1970. Mesmo acostumado às conquistas dramáticas do time nos minutos finais, em 2011 ele sofreu um AVC no estádio Erich George durante o jogo contra o Nacional de Rolândia. "O jogo era lá em Rolândia. Fazia tempo que eu não assistia no meio da torcida organizada e acho que eu me emocionei demais", contou. Na ocasião, a vitória do LEC por 1 a 0 só foi comemorada no hospital.

O Memorial do LEC com todos os destaques e premiações do time estará aberto para visitação a partir do dia 20 de janeiro com o agendamento de grupos na sede administrativa do Londrina Esporte Clube.