Os dois extremos
O Corinthians marcou mais gols do que cometeu faltas na vitória sobre o Sport. Venceu por 3 a 1 e parou o jogo com infrações apenas duas vezes. É sinal de um time confiante e que sabe como se posicionar.
Com 54% do tempo com a bola no pé, o Flamengo perdeu do Vitória no domingo (6) de manhã e cometeu 14 faltas. Jogava no ataque. De todas as equipes do Brasileiro, o Fla é o que mais empurra o adversário para a defesa. A consequência é diminuir seu próprio espaço de criação.
Lembre-se de que o Brasileiro é o único campeonato do mundo em que 70% das partidas não tem como vencedor o time que passa mais tempo com a bola.
Diferente do Flamengo, o Corinthians atrai o adversário. Mesmo assim, o rubro-negro cometeu sete vezes mais faltas do que o líder do Brasileiro.
Corinthians e Flamengo são exemplos contrários. Carille não perdeu nenhum jogador desde fevereiro e também não contratou mais ninguém. Mas segue acreditando que manter o grupo de jogadores ajuda mais a fazer o time jogar de memória do que reforçar a equipe com quem demora a entender o jeito de jogar.
O Flamengo perdeu do Vitória com quatro titulares que não pertenciam ao clube na pré-temporada, em janeiro. O elenco se reforça. O time se atrasa.
O São Paulo abriu mão de 14 jogadores durante a temporada e contratou 17. Pela segunda vez, fecha o turno na zona o descenso.
O elenco atual é bom, o técnico experiente, o sistema tático moderno. Contra o Bahia, Dorival Júnior escalou a equipe no 4-1-4-1. Jogou melhor até sofrer o primeiro gol aos 40 minutos. Levou o segundo rapidamente, mesmo tendo 53% de posse de bola.
Quem tem a bola não vence no Brasileiro, lembra?
O maior pecado, é acreditar que juntar grandes jogadores formará um time forte em curto prazo. Às vezes dá certo. Mas não é simples assim.
Há diversas razões para o Corinthians ser o campeão do primeiro turno com a melhor campanha da história. A principal é ter uma equipe montada, que se repete, enquanto os rivais contratam e dispensam durante o ano.
Há outros motivos. A disputa de uma competição como prioridade é uma delas. É a primeira vez que a Libertadores vai até o final do ano e o Corinthians não está nela. Só que o São Paulo joga uma competição apenas e desce a ladeira.
Não pode ser só isso.
É óbvio que há méritos no trabalho corintiano.
O principal, é recuperar um estilo de jogo característico da equipe desde Mano Menezes, em 2008. Apesar de sutis mudanças entre Mano, Tite e Carille, o Corinthians tem seu DNA. Os outros, não têm.
Contratar jogadores que combinam com seu jeito de atuar é importante. Ou dar tempo para que se adaptem.
O Corinthians foi bem do início ao fim contra o Sport. O São Paulo dominou até levar 1 a 0, levou o segundo, reagiu no final da primeira etapa e piorou na segunda. Correu o risco de levar mais um. Está no rebaixamento.
O primeiro turno teve bons jogos e bons públicos, coisas raras no passado recente. Não teve equilíbrio.
A maior qualidade do Brasileiro nos últimos anos desapareceu. Só o Grêmio parece capaz de recuperá-la.

É QUARTA-FEIRA
O Barcelona de Guayaquil ganhou uma vez e perdeu três nas quatro primeiras rodadas do segundo turno do Campeonato Equatoriano. Está em nono lugar. Mas tem a velocidade de José Ayoví e o faro de Jonatan Álvez. O Palmeiras precisa atacar e cuidar do contra-ataque.

DESCONFIANÇA
Não é exclusividade brasileira apontar o dedo para o técnico que monta times fortes ou não consegue fazer isso. A primeira pergunta na França sobre o novo Paris Saint-Germain é se Unai Emery é o treinador ideal para Neymar. Ter grife às vezes ajuda mais do que trabalhar bem.