A última rodada do Campeonato Brasileiro marcou a retomada da Chapecoense. Na semana em que completou um ano do acidente aéreo na Colômbia que matou 71 pessoas, entre elas vários jogadores, integrantes da comissão técnica e dirigentes do clube, a equipe garantiu no domingo vaga na Copa Libertadores de 2018. Vai jogar a fase preliminar da competição.

A vaga foi obtida de maneira dramática, praticamente no último lance do jogo com o Coritiba, na Arena Condá. Foi quando Túlio de Melo marcou de cabeça, após levantamento na área e toque de Apodi, o gol da vitória de virada por 2 a 1 que levou o time a 54 pontos no Campeonato Brasileiro, e ao oitavo lugar que garantiu a Chapecoense na pré-Libertadores.

Imagem ilustrativa da imagem Chapecoense celebra reconstrução
| Foto: Sirli Freitas



Vai ser a segunda participação seguida do time catarinense - que este ano também conquistou o título estadual - no torneio sul-americano. Este ano, jogou a Libertadores na condição de campeão da Copa Sul-Americana (o título lhe foi dado como homenagem pela Conmebol, após pedido do Atlético Nacional, que seria seu adversário na finalíssima do ano passado), e foi eliminada na fase de grupos por escalação irregular de jogador.

O simbolismo da conquista da vaga na Libertadores por um time que tinha como primeiro, e maior, objetivo neste Brasileiro manter-se na primeira divisão é ainda maior quando se recorda que o dia de domingo também marcou um ano do velório coletivo de 50 dos mortos na tragédia, ocorrido justamente na Arena Condá.

Também por isso, e por ser o último jogo da Chapecoense na temporada da reconstrução, a partida foi marcada por homenagens. Na entrada em campo, filhos de pessoas que morreram na queda do voo da LaMia acompanharam os jogadores de ambas as equipes. Na arquibancada (o público foi de 12.913 presentes), torcedores mostraram cartazes com os nomes das vítimas e estenderam bandeiras da Colômbia, país cujo povo demonstrou grande carinho e solidariedade com as famílias das vítimas.

ALEGRIA E GRATIDÃO - Os jogadores da Chape comemoram a vaga como se fosse um título. "Estou muito feliz, aliviado por esse ano completo e por termos alcançado o nosso objetivo", disse o atacante Túlio de Melo, o autor do gol da classificação. "É muito bom participar disso. Muito feliz de dedicar a classificação para as famílias dos nossos amigos que se foram."

Túlio revelou que o clube propôs que todos os times doassem as rendas dessa última rodada para as famílias das vítimas do acidente de 29 de novembro do ano passado. Apenas o Sport aceitou. Para o também atacante Wellington Paulista foi uma façanha especial. "Acho que vim em uma missão de ajudar a reconstruir a Chapecoense, uma cidade. E essa cidade merece, esse clube merece", disse o experiente jogador.

Wellington admitiu que, até pouco tempo atrás, ele e seus companheiros "nem imaginavam" obter um lugar na Libertadores de 2018. "Mas fiquei muito lisonjeado por vir para cá e fico emocionado por todo mundo que veio e ajudou. Não só a mim, mas todos os jogadores que jogaram, todos que participaram de alguma forma."

O técnico Gilson Kleina assumiu a Chapecoense na reta final do Brasileiro e teve participação ativa na arrancada que resultou na vaga. "É uma reconstrução do clube. Há um ano atrás, o sentimento era de muita tristeza e agora é de muita alegria. O Túlio nos deu a vaga na pré-Libertadores, a vitória, uma sequência invicta, um calendário superluxuoso para Chape", disse, agradecido.

Ele considera ter feito no time de Chapecó um dos melhores trabalhos de sua carreira. "Quando chegamos aqui, era uma situação difícil, com pontuação de zona do rebaixamento. A equipe foi alavancando e ganhando confiança."