Amanhã, dia 6 de outubro, será um dia especial para o esporte londrinense. Há exatos 40 anos a bola rolava pela primeira vez no Ginásio Professor Darcy Cortês, o Moringão. Já passava um pouco das 20h30 quando os selecionados de Uruguai e Paraguai adentraram a quadra para a abertura da Mini Copa João Havelange de futebol de salão masculino, nome escolhido em homenagem ao então presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD).
Representada pelo Palmeiras, melhor time do Brasil na época, a seleção brasileira entrou em quadra logo na sequência e completou a festa com uma sonora goleada de 9 a 0 pra cima dos eternos rivais argentinos. O Brasil, que viria a se tornar campeão invicto ainda bateu Paraguai e Uruguai, no jogo final. E um jogador, em especial, guarda uma boa lembrança daquele confronto com a "Celeste Olímpica" das quadras, no dia 8 de outubro. É o goleiro Fernando Barros, o primeiro londrinense a jogar no Moringão. "Lembro que foi uma surpresa quando o técnico falou que eu ia entrar. Quando olhei aquele ginásio lotado, cheio de bandeiras, fiquei até emocionado. Estava muito lotado", relembra.
Barros entrou no segundo tempo no lugar do titular Luiz Antônio, experiente goleiro palmeirense. "O jogo estava 3 a 1 para nós e logo no primeiro lance, o Arnaldo foi sair jogando e perdeu a bola. O uruguaio saiu na minha frente e chutou forte, fiz uma ponte e não soltei a bola. Aquilo deu uma segurança danada, fizemos mais quatro gols (Nota da Redação: foram mais sete gols)", recorda. "É muito significante para a gente ser lembrado como o primeiro londrinense a jogar no Moringão", celebra o ex-jogador.
Sem dar chances ao Uruguai, o Brasil de Barros venceu por 10 a 1. Como vice-campeão, os uruguaios levaram para casa o Troféu Folha de Londrina. Além do goleiro, a seleção brasileira ainda contou com outros três jogadores nascidos em Londrina, Nedo Xavier, hoje técnico de futebol, Tuca e o falecido Onésimo, todos atletas de linha. Outro londrinense que participou ativamente da realização do torneio foi o apresentador de TV Rubens Fernando Cabral, organizador da competição.

Projeto
O projeto da construção do Moringão impressionou muita gente. Na época, havia quem não acreditasse que ele seria mesmo erguido. Afinal, não havia um ginásio do porte no interior do Brasil. Esportista nato, o então prefeito Dalton Fonseca Paranaguá foi quem bancou a construção e por estas e outras ações ficou reconhecido pelo fortalecimento do esporte amador, conforme conta o então presidente da Autarquia Municipal de Esportes de Londrina (AMEL), Toshihiko Tan.
"Na época, tínhamos apenas o Colossinho, o ginásio do Filadélfia (Colégio Londrinense), era o única quadra esportiva coberta da cidade, mas não atendia a todas as necessidades. Aí Dr. Dalton teve a ideia de construir o Moringão", relembra Tan. "Ele nasceu da necessidade de fazer os jogos quando chovia", explica. O apelido Moringão foi dado pelos amigos do ex-prefeito, por ser a moringa o símbolo de seu governo.
A inauguração oficial aconteceu no dia 1° de outubro de 1972 com um show musical patrocinado pela empresa Hermes Macedo e teve como atrações Augustinho dos Santos, Silvana, Inesita Barroso, Martinha e a dupla Alvarenga e Ranchinho. Com a presença de 4.933 pessoas, o Moringão esteve longe de estar lotado, mas impressionou quem esteve em sua abertura.
A repercussão foi grande em todo o Brasil. Jornais de todo o país noticiaram a abertura do novo ginásio. Na edição de 7 de outubro deste jornal, dia seguinte à inauguração, a manchete era "Moringão é um gigante mesmo". "Quem entrou no Moringão pela primeira, sofreu um impacto ao passar pela roleta, pois não acreditava que sob aquele quadrado de alumínio iria encontrar um ginásio de esportes tão majestoso", dizia o texto.

Grandes eventos

Grandes nomes do esporte brasileiro já passaram pelo Moringão. Em 1981, a seleção brasileira de vôlei quebrou um longo tabu diante dos americanos em amistoso no ginásio londrinense. Há dois anos, foi a vez das campeãs olímpicas brasileiras encararem os EUA, também amistosamente. O Moringão também já foi palco para duas apresentações dos "Harlem Globetrotters", recebeu duas edições dos Jogos Pan-Americanos de handebol e, mais recentemente, viu grandes ídolos do vôlei e do futsal masculinos, como Giba e Falcão, enfrentando equipes londrinenses pelas ligas nacionais.
Nenhum desses times, no entanto, conseguiu a façanha de lotar o Moringão como a equipe de basquete masculino da temporada 2002/2003. "Lembro da época que jogava, a gente tinha o hábito de chegar duas horas do jogo e o ginásio já estava lotado. E quando a torcida começava a gritar o nome da equipe era impressionante, um barulho muito ensurdecedor. Jogadores de outras equipes diziam que jogar em Londrina era terrível", relembra o ex-jogador do Londrina Basquete, Robson Reis. "É uma coisa que não sai da minha memória", observa o ex-ala, que começou a carreira em Londrina e jogou sete temporadas no time da cidade.
Segundo Reis, que parou de jogar há dois anos, o Moringão foi fundamental na campanha do 5° lugar, o melhor desempenho do basquete londrinense na história da liga nacional. "As equipes vinham jogar aqui e ficavam intimidadas com o tamanho. A torcida era o sexto jogador literalmente. Naquele ano era Franca com o Pedrocão, e nós", conta o londrinense que hoje vive e trabalha em Curitiba. Nos 16 jogos em casa na temporada 2002/2003, o Londrina Basquete venceu dez vezes e perdeu seis.