Imagem ilustrativa da imagem Canoísta faz história no Rio
| Foto: Damien Meyer/AFP
Superação: medalhista sobreviveu a hemorragia interna e precisou ter um dos rins retirados; antes ainda enfrentou um acidente com água quente



Rio de Janeiro - O baiano Isaquias Queiroz, 22, deu à canoagem brasileira ontem sua primeira medalha em Jogos Olímpicos. Ele obteve a prata na prova do C1 1.000 m, a mais longa disputa individual que consta do programa olímpico, com o tempo de 3min58s529, na lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio. O ouro foi para alemão Sebastian Brendel, principal rival do brasileiro, com 3min56s926.
O pódio coroa um ciclo excepcional de Isaquias, no qual foi laureado em todos os Campeonatos Mundiais de que participou, em 2013, 2014 e 2015. Ele também amealhou dois ouros nos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015.
O brasileiro chegou à Olimpíada carioca com o desejo de se tornar o primeiro atleta do país a obter três medalhas em uma mesma edição do megaevento. O baiano, descoberto em um projeto social em sua cidade natal, Ubaitaba, começou na canoagem em 2005. Em 2011, se sagrou campeão mundial júnior do C1 200 m, mas não obteve classificação para os Jogos de Londres-2012.
Ele flertou com uma aposentadoria prematura, mas a chegada do técnico espanhol Jesús Morlán ao Brasil em 2013, para trabalhar com a seleção nacional, deu-lhe novo ânimo. O ibérico havia conduzido seu compatriota David Cal a cinco medalhas olímpicas. Ambos treinaram juntos em São Paulo e, atualmente, têm como base Lagoa Santa.
Isaquias passou a se inserir no cenário internacional e, com os seis pódios em Mundiais conquistados entre 2013 e 2015 aterrissou no Rio badalado para lutar por medalhas. Agora, ele confirmou as expectativas.
O canoísta tem uma história de vida de superação. Ainda jovem sobreviveu ao derramamento de uma panela de água escaldante sobre seu corpo, o que o deixou quase um mês internado. Depois, ao cair de uma árvore, teve hemorragia interna e precisou ter um rim retirado - até por isso, seu apelido entre colegas de seleção é "sem rim".
Vaidoso, verborrágico, extrovertido, o mais novo medalhista olímpico brasileiro ainda tem mais duas provas pela frente na Rio-2016: o C1 200 m e o C2 1.000 m (com Erlon Souza). As finais das provas ocorrem, respectivamente, amanhã e no sábado.