O técnico Luiz Cláudio Tarallo comemora uma situação inédita da seleção feminina de basquete, independentemente do fato de ter assumido o time apenas no fim do ano passado. Há muito tempo, a equipe não conseguia unir todas suas jogadoras com antecedência visando à preparação de um torneio de alto nível.

Há uma semana, o treinador pode dizer que tem as 18 atletas convocadas à disposição. E isso inclui a pivô Érika, a jogadora brasileira de maior expressão no basquete mundial atualmente, e a ala Iziane. Ambas abriram mão de jogar na WNBA para poderem trabalhar com o grupo olímpico por um período prolongado.

"Em comparação à preparação para outras competições, a seleção já teve períodos mais longos de trabalho. Mas a nossa vantagem é que temos as jogadores que vinham da WNBA. É algo inédito nesse ciclo olímpico", aponta Tarallo. "Tê-las aqui desde já será muito produtivo."

Érika, em especial, fez acrobacias para atender aos chamados da seleção. Novata nos Jogos de Atenas, em 2004, a pivô não disputou a Olimpíada de Pequim porque estava machucada. Com vontade dobrada, não perdeu nenhuma competição desde 2009, mesmo se dividindo entre a temporada europeia e na liga americana. Para isso, a carioca de 30 anos chegou às vésperas dos torneios, deixando seus times no meio de competições quando foi necessário.

"Sempre deixei claro para os meus clubes que não vou abrir mão de jogar na seleção. Nunca vou dar as costas para o meu país", diz Érika que, na renegociação de contrato com o Atlanta Dream, da WNBA, informou que perderia o início do atual campeonato para poder se preparar com a seleção.

A pivô, uma das mais experientes da equipe, diz que aproveita a chance para conversar com as colegas. "Quis ficar mais perto das meninas para poder ajudar, passar minha experiência. Nunca tive tanto tempo de preparação e está sendo superlegal, muito divertido. Tudo está sendo feito com um objetivo maior, que é ir para Londres e brigar por uma medalha."

A ala Iziane, que jogou no Atlanta Dream até a temporada de 2011, também deixou a WNBA em segundo plano. Assim como Érika, a maranhense não esteve na Olimpíada de Pequim, mas por um motivo bem diferente: brigou com o então técnico, Paulo Bassul, e foi desligada da seleção ainda no Pré-Olímpico da Madri, quando se recusou a entrar em quadra durante um jogo.

Iziane voltou à seleção no Mundial de 2010, mas não participou da campanha do torneio classificatório para os Jogos de Londres, realizado na Colômbia, em 2011 – pediu dispensa para continuar na WNBA. Jogou o Pan de Guadalajara e, logo depois, voltou para o basquete brasileiro, quando jogou a Liga Nacional pelo Maranhão Basquete. "Está sendo muito bom treinar com as meninas desde o começo. Dá para ver todos os detalhes, me preparar bem, e conhecer melhor as companheiras."

A seleção começa a fazer amistosos no início de junho, contra o Chile. No fim do mesmo mês jogará contra a forte seleção australiana em três partidas. Em julho, enfrenta Cuba e EUA, quando viaja para a Europa e termina a preparação na França.