São Paulo - A Copa do Mundo de 2002 foi um torneio de surpresas, de exotismo, de experimentos, de novidades. Pela primeira vez na história do esporte mais popular do planeta, a principal competição não aconteceu na Europa ou na América. E pela primeira vez a organização do evento era dividida por dois países, os rivais históricos Japão e Coreia do Sul, mas unidos pelo Mundial.
Mas, com tanta novidade, quis o destino que dois gigantes decidissem o título: Alemanha e Brasil - também em um encontro inédito em Copas. O resultado, celebrado neste sábado, dez anos depois da histórica decisão no estádio Internacional de Yokohama, no Japão, ratificou o Brasil no topo do futebol mundial e consagrou para sempre uma geração de jogadores que saíram do País desacreditados e quase sem apoio.
De tão marcante, o penta da seleção brasileira em 2002 se tornou inesquecível para aqueles que viveram intensamente aquele momento. ''Eu me lembro de tudo. Me lembro desde os dias que antecederam a Copa até a final. É uma coisa inesquecível na minha vida'', contou Ronaldinho Gaúcho, hoje um veterano que conheceu o ápice, mas que busca a volta dos melhores dias no Atlético Mineiro. Naquele mês de junho, dez anos atrás, foi um dos catalisadores do quinto título mundial para o futebol brasileiro.
Ronaldinho Gaúcho diz lembrar de tudo, mas destaca, claro, o jogo das quartas de final contra a Inglaterra. O 2 a 1, de virada, contra o ''English Team'' marcou a vida do então menino de 22 anos, ainda sem toda a fama que ganharia dali em diante. ''O jogo com a Inglaterra foi o principal para mim. Foi uma partida em que aconteceu de tudo. Tomamos o gol, eu fiz um, viramos e eu ainda fui expulso''.
Mas não são todos os heróis daquela conquista que elegem o confronto contra os ingleses como o mais complicado. Para Cafu, a emoção que sentiu ao levantar a taça como capitão do penta esteve mais ameaçada por outro rival. E engana-se quem pensa ser a Alemanha. ''O jogo da Inglaterra e o da Turquia foram os dois grandes jogos para nós. Mas o segundo contra a Turquia foi muito mais difícil do que o da Inglaterra. Era um time que vinha mordido por tudo o que aconteceu no primeiro jogo com a gente. Eles tinham um time certinho'', relembrou o ex-lateral-direito da seleção.
Ronaldo
A seleção brasileira partiu para a Copa desacreditada. Mas talvez ninguém tenha chegado ao Mundial com tantas dúvidas em tornou de si como Ronaldo. E ele, com sete atuações irrepreensíveis em sete jogos, respondeu a todas elas.
O Fenômeno foi uma aposta de Felipão. Afinal, o então atacante da Internazionale estava havia mais de dois anos afastado dos gramados. A carreira já fora decretada como encerrada por muitos de seus críticos. Pois foi nele que o técnico da seleção depositou suas fichas para fazer a torcida e os críticos esquecerem da não convocação de Romário - um clamor nacional à época.
E Ronaldo não decepcionou. Fez de tudo nos campos da Coreia do Sul e do Japão. Saiu do Mundial como artilheiro, campeão, fez gol em seis dos sete jogos, foi autor dos dois do título - até inventou um corte de cabelo exótico para chamar a atenção e disfarçar uma contusão muscular. A Copa de 2002 foi a consagração da seleção brasileira, mas foi também a redenção e o resgate de um ídolo da bola.