A equipe de atletismo Londrina/Caixa/Sercomtel/Consórcio União não conta mais com os serviços do técnico e ex-atleta olímpico Cláudio Luís Bertolino, 43 anos, o Claudinho, que treinava o grupo de marcha atlética da cidade. Bertolino, que estava com a equipe há um ano, disse que foi demitido há dez dias pelo coordenador local do atletismo, José Eugênio Zaninelli, sob a alegação de que a equipe cresceu demais e precisava cortar gastos.
Claudinho é atleta de marcha atlética e no auge de sua carreira, entre 1991 e 1997, disputou os Jogos Pan-Americanos de Mar del Plata (Argentina) em 95, e a Olimpíada de Atlanta (EUA), em 96. Foi quatro vezes campeão do Troféu Brasil, bicampeão sul-americano e participou ainda de dois Mundiais em Tóquio (91) e Gotenburgo/Suécia (95) e de quatro Copas do Mundo.
Ele treinou em Londrina entre 91 e 96 e após retornar da Olimpíada foi para Campinas e depois para Indaiatuba (SP), onde competiu até 2001. Na sequência, tornou-se treinador e só voltou a correr no ano passado, mas daí na categoria master (acima de 40 anos).
No início de 2005 foi convidado para assumir o grupo de marcha atlética de Londrina, que contava com 11 atletas não tinham um treinamento especializado. Alguns saíram durante o ano e ao final de 2005 ficaram apenas sete quatro meninas e três meninos, na faixa de 14 a 16 anos. No início deste ano mais uma das meninas parou. Os seis que restaram continuam treinando na pista da UEL, mas agora sem um técnico especialista.
''Não ligo tanto para a minha saída, já que tenho outras ocupações (é sócio de uma academia de musculação mantida em parceria com o PSTC). Minha preocupação é com os garotos, que agora ficarão sem uma referência técnica'', afirmou.
Lesão Claudinho diz que a marcha atlética é uma modalidade de evolução gradual e muito demorada, além de exigir perícia técnica ''para se evitar que o atleta seja inutilizado prematuramente em decorrência de lesão''.
Isso ocorreu, segundo ele, com um ex-atleta da equipe de Londrina, Francisco Tenório de Carvalho Júnior, hoje com 18 anos, que se lesionou ''por imperícia técnica de quem o treinava'', afirmou. ''Depois o garoto foi dispensado porque estava machucado e eu o recuperei, com fisioterapia. Hoje ele treina comigo em separado e deverá competir por Maringá'', acrescentou.
O comerciante Anderson de Souza Carvalho, pai de dois atletas da equipe de marcha, Chamberlyn e Jonathan Carvalho, de 16 e 15 anos, respectivamente, lamentou a saída do treinador. ''Os meninos evoluíram 500% desde que começaram a ser treinados pelo Claudinho. Nem tem como comparar o trabalho dele com o que era feito antes dele chegar. É o melhor técnico do Sul do Brasil e depois que pegou a equipe, Londrina não perdeu mais para ninguém dentro do Paraná'', ressaltou. A única derrota ocorreu no feminino nos Jogos da Juventude no ano passado.
Carvalho espera que com a saída do técnico da marcha, a modalidade não fique em ''segundo ou terceiro plano'' entre as prioridades da equipe. ''Os garotos da marcha de Londrina estão entre os dez primeiros do ranking nacional nas categorias menores e juvenil e nunca tivemos muita divulgação. Temo que agora, com a dispensa do treinador, isso possa piorar'', comentou.