Imagem ilustrativa da imagem Alerta pela vida
| Foto: Shutterstock/Folha Arte



A morte do zagueiro londrinense Dionatan Teixeira e a de um adolescente de 17 anos em Ponta Grossa trouxeram à tona novamente o debate sobre os riscos de atividades físicas sem a devida preparação e o acompanhamento médico. Os dois foram vítimas de infartos enquanto jogavam futebol.
O que mais chama a atenção nos dois casos específicos é que Dionatan era jogador de futebol profissional e que a segunda vítima era uma pessoa ainda muito jovem e sem histórico de problemas cardíacos.
Revelado nas categorias de base do Londrina, o zagueiro, que tinha 25 anos, já havia atuado na Premier League, nas seleções inferiores da Eslováquia e atualmente estava jogando na Moldávia. Dionatan teve um ataque cardíaco fulminante durante um jogo com amigos no domingo (5), em Londrina. Já o garoto de Ponta Grossa morreu durante um torneio de futsal no mesmo dia à noite.
Os clubes de futebol profissional do Brasil precisam seguir um protocolo médico para firmar um contrato com o atleta. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) exige que os jogadores sejam submetidos a uma bateria de testes cardíacos, entre eles o de esteira, pelo menos uma vez por ano. Os contratos só são aceitos pela CBF com a assinatura do médico, que atesta a condição de saúde do atleta.
"São exames iniciais, mas que conseguem detectar alguma alteração da coronária e sintomas de hipertensão. Se houver alguma alteração, aí se prossegue a investigação com exames mais específicos, que podem apontar um diagnóstico até para o rompimento da carreira", explica o médico do Londrina Esporte Clube, Jean Francisco Furtado.

Discussão
Ivan Pacheco, especialista em medicina do esporte e diretor da SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte), revela que há uma discussão muito grande sobre o que é o ideal e o que se faz na prática em relação aos protocolos de prevenção, sobretudo em relação ao custo e aos riscos. "Os europeus acham que é necessário fazer um eletrocardiograma de esforço em todo atleta de alto rendimento e os americanos ainda não chegaram a este consenso, em razão dos altos custos destes exames e do evento da morte súbita ser muito raro", explica. "Isso custaria R$ 20, R$ 30 mil por atleta por ano. É um custo muito alto por um risco muito baixo."
Pacheco ressalta, porém, que medidas como ter um médico especialista nos clubes, que faça o acompanhamento da vida e do desenvolvimento do atleta, previne muitos problemas. "Uma criança que chega ao clube e passa por um bom exame físico, um bom eletrocardiograma e que esta rotina seja periódica, isso já exclui muitas possibilidades de um evento futuro."
Jean Furtado lembra que o atleta de alto rendimento realiza uma atividade física tão intensa que acaba desenvolvendo uma hipertrofia, ou seja, um aumento de toda a musculatura do corpo, inclusive a do miocárdio, o músculo do coração. E isso pode resultar em problemas de saúde em momentos de grande desgaste.
"Quando este atleta precisa de mais oxigênio e o coração tem que bombear mais em razão do esforço aliado à hipertrofia muscular, isso pode gerar uma parada cardíaca em razão de estresse ou fadiga. Isso é uma das principais causas das mortes súbitas", revelou.
"Outra causa importante é a má formação das coronárias, que às vezes os indivíduos nem sabem que têm e que em repouso poderia não representar risco em um primeiro momento. Mas na atividade física pode se manifestar de forma precoce".