Chapecó - Quando a Chapecoense entrar em campo para encarar o Barcelona na próxima segunda-feira (7), pela disputa do Troféu Joan Gamper, no estádio Camp Nou, na Espanha, não estará apenas enfrentando o adversário mais importante de sua história, mas também celebrando uma das mais belas superações do futebol em todos os tempos. Um dos três atletas sobreviventes do trágico acidente aéreo que vitimou 71 pessoas em novembro do ano passado, na Colômbia, o lateral-esquerdo Alan Ruschel fará o seu retorno oficial aos gramados.

Na quinta-feira (3), o jogador de 27 anos concedeu entrevista coletiva para falar sobre a volta e não escondeu a ansiedade. "Dá aquele frio na barriga, aquela ansiedade de moleque, o nervosismo de enfrentar uma grande equipe. Não está fugindo do que é normal um atleta sentir", afirmou.

Foram pouco mais de oito meses de recuperação desde a queda do avião que levava a Chapecoense até Medellín para a decisão da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional até agora. De lá para cá, Alan Ruschel teve que lutar pela vida em primeiro lugar e depois, recuperado, se colocou apto a voltar aos gramados.

"Não preciso nem falar da minha felicidade por estar voltando a jogar, a fazer o que eu mais amo. Esta coletiva é muito diferente daquela quando cheguei aqui, em dezembro, recém-saído do hospital. Estou feliz por estar realizando meu sonho pela segunda vez. A primeira foi quando me tornei atleta profissional. Agora, estar voltando a jogar é um novo sonho", disse o lateral-esquerdo.

Apesar da participação no torneio amistoso, o jogador sabe que o caminho para o retorno à normalidade e à competição em alto nível ainda é longo. Alan Ruschel admitiu que ainda está um degrau abaixo de seus colegas, até pela falta de ritmo de jogo.

"Sempre deixei bem claro que a partir do momento em que eu voltasse a jogar não queria ser tratado com piedade. Sou mais um atleta aqui no clube, Deus me deu a oportunidade de seguir minha carreira e hoje me sinto em condições de competir. Se eu não tivesse em condições de competir, o pessoal do clube e eu entraríamos em um consenso para eu repensar o que faria da vida. Mas sou esclarecido, acho que tenho condições de voltar a jogar em alto nível e estou treinando para isso", explicou.

Outros sobreviventes do elenco da Chapecoense, o zagueiro Neto ainda luta para recuperar a melhor forma física e retornar aos gramados, enquanto que Jackson Follmann, que teve parte da perna direita amputada, assumiu o cargo de embaixador do clube.