Depois de perder o emprego no setor administrativo, Petrick Meyer usou a experiência como pintor para se tornar um microempreendedor
Depois de perder o emprego no setor administrativo, Petrick Meyer usou a experiência como pintor para se tornar um microempreendedor | Foto: Gina Mardones



Se para muitos perder o emprego significa o fim, para outros é o momento de recomeçar. Em tempos de crise, com a quantidade de desempregados tendo altas consideráveis, surge a dúvida do que fazer a partir do desligamento do antigo trabalho.
Entre as opções, começar um negócio por conta própria aparece como uma alternativa, como autônomo ou por meio do programa de Microempreendedor Individual (MEI), já que conseguir outro serviço não vem sendo uma tarefa fácil.
Na lista dos que perderam o emprego em razão da crise e hoje vivem sem depender do mercado de trabalho formal está o contabilista José Henrique de Souza Lima, de 41 anos. Supervisor financeiro em uma gráfica de Londrina, ele foi mandado embora em maio do ano passado. "Começaram boatos de que a empresa ia fechar, mas como eu era procurador falaram que se fechasse, meu emprego seria mantido. Com isso fiquei na zona de conforto", relembra ele, que no final acabou sendo demitido.
Com experiência na área financeira, José foi em busca de um novo emprego, mas acabou se deparando com um cenário típico do mercado de trabalho. "A atual realidade é exigente e pede uma qualificação alta por um salário baixo. Não se paga mais um valor adequado para o grau de responsabilidade da função", afirma.
Sem conseguir nada, ele teve a ideia começar a trabalhar em casa como autônomo. "Quando trabalhava na empresa via deficiências na maioria das pequenas empresas, como a falta de controle financeiro. Resolvi apostar nisso". Hoje, ele faz a folha de pagamento para pequenas e médias empresas, abertura, fechamento e alterações contratuais, certidões, licitações, assessoria e consultorias.
Nesta nova empreitada há três meses, José aposta em 2017 como o ano da mudança. Ainda sem conseguir viver somente disto, ele continua atrás de algo com orçamento fixo, mas tem planos para não deixar de lado o que faz atualmente. "Estou procurando emprego, mas quero manter o que faço hoje. Estou avaliando se vou levar em paralelo ou consolidar o trabalho", analisa o contabilista.

Imagem ilustrativa da imagem Trabalho alternativo



EXPERIÊNCIA A FAVOR
A opção por se tornar um microempreendedor tem sido muito buscada no cenário de desempregos em decorrência da crise econômica. Vigorando desde 2009, o número de MEIs deu um salto de 81% nos últimos três anos no Brasil, passando de 3,65 milhões de inscritos, em 2013, para 6,64 milhões até o ano passado, como mostra o Portal do Empreendedor. O principal motivo para essa expansão é a deterioração do mercado de trabalho com carteira assinada no País.
Hoje com 23 anos, Petrick Meyer se tornou um microempreendedor há dois anos, quando ficou desempregado e viu que a experiência que teve como pintor poderia ajudar a recomeçar no mercado de trabalho. Antes, porém, ele trabalhou no setor administrativo de uma loja de sucos, o que também colaborou na hora de ter o próprio negócio, conseguindo com o dinheiro do acerto comprar as ferramentar necessárias para começar.
"Quando trabalhava na loja, cuidava do dinheiro e resolvi abrir uma empresa para ter uma renda maior também. Procurei saber mais sobre o MEI e fui no Sebrae, que me deu apoio para encontrar o perfil de microempreendedor que me enquadrava", recorda.
Quando começou, Petrick buscou aproveitar as redes sociais para divulgar seu trabalho e assim criar uma cartela de clientes. "Nós que somos prestadores de serviço temos que ter indicações ou correr atrás. Então, optei por eu mesmo fazer meu marketing usando o Facebook, grupos de redes sociais e também indicações de pessoas da área. Hoje, eu tenho uma clientela boa".
Prestes a começar o terceiro ano de geografia na Universidade Estadual de Londrina (UEL), ele concilia os estudos com o trabalho e já tem planos para o futuro. "Como trabalho com contrato sempre peço uns dias a mais para finalizar o serviço por conta da faculdade", diz. "Quero daqui um tempo mudar de Microempreendedor Individual para Microempresa (ME), pois terei uma limitação de crédito maior", completa.