"Agora, vou me preparar para logo fazer o curso superior de enfermagem e acho que vai ser bem mais fácil, porque já vou ter a prática", vislumbra Denize Nascimento
"Agora, vou me preparar para logo fazer o curso superior de enfermagem e acho que vai ser bem mais fácil, porque já vou ter a prática", vislumbra Denize Nascimento | Foto: Gustavo Carneiro



Engana-se quem acha que o curso de graduação é a única forma de ter realização profissional e boas pretensões salariais. Com o ensino superior mais acessível, o canudo deixou de ser garantia de sucesso. Por outro lado, os diplomas técnicos têm sido cada vez mais valorizados pelo mercado, principalmente no momento de recessão econômica.
Com o grande volume de profissionais formados no ensino superior, aumenta a dificuldade de encontrar candidatos mais capacitados do ponto de vista operacional. Apesar dos elevados índices de desemprego – são mais de 12 milhões de brasileiros –, os empregos de nível técnico são os últimos a serem sacrificados pela retração econômica. Isso porque são esses profissionais que fazem a máquina girar.
O colaborador técnico também tem substituído profissionais formados porque apresentam salários menores. "O profissional graduado exige um investimento mais alto. Por isso, percebemos que tem aumentado a demanda por técnicos nos últimos anos", afirma a coordenadora de recrutamento e seleção da Admita Recursos Humanos, Luciano Possani.
Nem por isso, os salários oferecidos a profissionais de nível técnico têm sido desinteressantes. Uma pesquisa salarial feita pela empresa de recrutamento e seleção Catho mostra que os melhores salários estão no setor industrial. No topo da lista, está o técnico em extração de petróleo, com rendimentos mensais superiores a R$ 5 mil. O valor varia muito, de acordo com a área de atuação, mas a média geral no Brasil é de R$ 2 mil.
A Catho tem hoje 7,3 mil vagas disponíveis para técnicos em todo o País. De acordo com a assessora de carreira da empresa, Juliana Pereira, eles estão entre os profissionais mais disputados pelo mercado de trabalho. "Isso se deve ao fato de que os cargos que exigem habilidades técnicas específicas são os postos que as empresas mais têm dificuldades para preencher", explica.
Segundo ela, as empresas têm buscado profissionais com boa formação técnica e habilidades extras, como o domínio de um segundo idioma, a disponibilidade para viagens e bom perfil comportamental. "O mercado de trabalho está cada vez mais exigente e busca profissionais qualificados e com conhecimentos técnicos diversificados. Nesse cenário, quem investe e se dedica encontra mais oportunidades de trabalho", afirma a assessora.

Imagem ilustrativa da imagem Técnicos encontram vagas de empregos mesmo na crise



COMEÇO
Investir na formação em curso técnico pode ser uma boa saída para quem está iniciando a vida profissional e busca uma entrada rápida no mercado de trabalho. Os cursos, em geral, têm curta duração e dão conhecimento técnico bastante especializado. Segundo Juliana, também pode ser uma boa maneira de experimentar uma profissão antes de investir num curso superior, mas não substituí-lo. "A área técnica demanda um tipo de profissional diferente do exigido para profissionais que possuem ensino superior. O que é de extrema importância é que o profissional esteja atento às exigências do mercado de trabalho, buscando qualificar-se, de acordo com a área de atuação", sugere.

SAÚDE
Experimentar uma área antes de decidir em qual curso superior investir foi a estratégia de Denize Aparecida de Melo Nascimento. Primeiro, ela fez o curso Técnico em Administração, mas logo descobriu que sua área seria outra. "Eu trabalhava em uma clínica médica e peguei amor pela área da saúde", conta. Hoje, aos 23 anos, ela está concluindo o curso Técnico em Enfermagem e já está empregada na área há um mês. "Queria ver se era isso mesmo que eu queria. Agora, vou me preparar para logo fazer o curso superior de enfermagem e acho que vai ser bem mais fácil, porque já vou ter a prática", vislumbra.