A pesquisadora da Embrapa Soja, Maria Cristina de Oliveira: "A estatística é uma ferramenta confiável para tomada de decisões e pode trabalhar em prol de qualquer ciência"
A pesquisadora da Embrapa Soja, Maria Cristina de Oliveira: "A estatística é uma ferramenta confiável para tomada de decisões e pode trabalhar em prol de qualquer ciência" | Foto: Gina Mardones



Determinar a frequência e a ocorrência de eventos passados para prever fenômenos futuros. Esse é o papel do estatístico, um profissional que vem sendo cada vez mais valorizado por um mercado em crescente expansão, mas continua sendo espécie rara. Apesar de estar entre as profissões mais satisfatórias e com um horizonte extremamente promissor, é um dos cursos com menor procura nas universidades.

Um recente estudo do site norte-americano CareerCast apontou a profissão do estatístico como a melhor de 2017 nos Estados Unidos. O levantamento indica que essa ocupação registra altos níveis de satisfação em quesitos como remuneração, estresse, ambiente de trabalho e possibilidade de ascensão. Por lá, a perspectiva é que a empregabilidade dos estatísticos salte 34% nos próximos sete anos. A profissão também foi listada pelo Fórum Econômico Mundial como uma das mais relevantes para o mercado até 2020.

No Brasil, o cenário não é diferente e já vai longe o tempo em que a estatística era explorada apenas pelo mercado financeiro e as pesquisas de opinião. Nos últimos anos, as empresas perceberam que as decisões que permitem reduzir custos e melhorar eficiência precisam ser técnicas e baseadas em análise de dados. "A estatística é uma ferramenta confiável para tomada de decisões e pode trabalhar em prol de qualquer ciência: medicina, psicologia, agronomia, comunicação, química", explica a pesquisadora da Embrapa Soja, Maria Cristina Neves de Oliveira.

Graças a essa versatilidade, a busca por estatísticos cresceu muito e esbarrou na falta de profissionais disponíveis. "Falta estatísticos no mercado. A Embrapa tem 40 unidades pelo País, mas nem todas elas têm um estatístico", conta.
Na soma da alta procura com a baixa oferta, o resultado são salários maiores. Um estudo do Instituto de Pesquisas Avançadas (Ipea) que incluiu 48 carreiras de nível superior apontou que, em 2013, o estatístico tinha a segunda melhor remuneração do país: uma média mensal de R$ 5.416, atrás apenas dos médicos, que à época ganhavam em média R$ 6.940 por mês.

Essa baixa oferta de mão de obra ocorre porque a quantidade de jovens interessados no curso de estatística ainda é relativamente pequena no Brasil. Na Universidade Estadual de Maringá (UEM), uma das 32 instituições que oferecem a graduação em Estatística no Brasil, o curso costuma ter uma concorrência média de apenas dois candidatos por vaga nos vestibulares. "Somos um dos cursos com menor índice de procura. Também somos um dos mais novos: o curso existe na UEM desde 2000", conta a chefe do Departamento de Estatística, Clédina Regina Lonardan Acorsi.
Ela acredita que o mercado de trabalho local também é responsável por isso. "Os empresários da nossa região precisam abrir mais suas portas para esse profissional, que já é tão valorizado nos grandes centros. Aqui, não se encontra nem oportunidades de estágio para os alunos", afirma. "A tecnologia está aí, vivemos a era da informação e informação é a matéria-prima do estatístico. Sem dúvida, é uma profissão que cresce junto com o avanço da tecnologia", avalia Clédina.