"O cliente me passa um tema e vamos afinando o cardápio que atende até 35 pessoas", diz o personal chef Remir Trautwein
"O cliente me passa um tema e vamos afinando o cardápio que atende até 35 pessoas", diz o personal chef Remir Trautwein | Foto: Marcos Zanutto


O valor de um negócio não se limita mais à qualidade do produto e padronização do serviço. Em tempos em que a experiência do consumidor ganha força e se torna um diferencial, cabe aos profissionais investir no cumprimento das necessidades e desejos de cada cliente.

E essa abertura do mercado dá cada vez mais espaço ao profissional "personal". Isto é, consultores e experts nas mais diversas áreas que propõem um atendimento exclusivo, de acordo com a demanda e gosto do consumidor.

"É um cenário que pode dar certo porque as pessoas estão buscando serviços personalizados. Há uma movimentação muito grande no mercado, focada na experiência dos clientes e, por isso, quem já começou nesta área tem grandes chances de se dar bem nos próximos anos", aponta o administrador especialista em Gestão Estratégica de Pessoas, Bruno Melo.

Ele também diz que essa tem sido uma forma de atuação tanto para os profissionais que estão fora do mercado de trabalho quanto para aqueles que querem empreender em determinado segmento.

Entretanto, o sucesso do negócio vai depender inicialmente de dois pontos. "Gostar efetivamente do que faz e buscar uma atuação ampla, isto é, se profissionalizar, buscar desenvolver habilidades para proporcionar uma experiência ao cliente além do que ele contratou, superando suas expectativas", salienta Melo, diretor executivo da Thomas Case & Associados, em Curitiba.

Com os desejos muito bem atendidos, esse cliente fará mais do que ser fiel aos seus serviços. Ele pode se tornar sua melhor publicidade, especialmente em Londrina, onde as pessoas estão se adaptando a esse modelo de atuação.

"As pessoas ainda têm receio de abrir a casa para um desconhecido, mas acho que é tudo uma questão de tempo. A propaganda boca a boca é a que mais ajuda, pois ela gera confiança", comenta o personal chef Remir Trautwein, 56.

Trautwein começou a atuar como personal chef em Londrina há dois anos. Ele oferece o serviço de confraria, onde o dono da casa convida amigos e o valor é cobrado individualmente; o de buffet, que atende um número maior de pessoas; o de comida congelada, para quem não tem tempo de cozinhar e não abre mão da refeição caseira; e o mais procurado que é o chef em casa.

"No último mês realizei oito jantares. O cliente me passa um tema e vamos afinando o cardápio que atende até 35 pessoas", conta o profissional, que também se responsabiliza pela decoração da mesa.

De segunda à quinta-feira este serviço custa R$ 500 e aos sábados e domingos R$ 600, além do custo dos ingredientes. "O grande atrativo desse meu trabalho é a oportunidade das pessoas viverem o real, de se reunirem em volta da mesa e provarem uma comida boa", completa.

A paixão pela cozinha ele carrega no sangue e nas lembranças de família, e a experiência, dos cursos de gastronomia e dos tempos que trabalhou com buffet de eventos e comandou um comércio de empadas.

"Quando fechei as portas da loja, estava totalmente desiludido porque é muito difícil ser dono de comércio no Brasil. Foi a partir daí que pensei em investir nesse conceito de atender as pessoas em casa, preparando cardápios exclusivos", conta.

A consultora de imagem e estilo Alice Brunetto: "Atendo mulheres dos 30 aos 60 anos, muitas com foco na imagem voltada ao mercado de trabalho"
A consultora de imagem e estilo Alice Brunetto: "Atendo mulheres dos 30 aos 60 anos, muitas com foco na imagem voltada ao mercado de trabalho" | Foto: Marcos Fertonani/Divulgação



Essência

O especialista Bruno Melo reforça que um "personal" hoje precisa ser o mais visionário possível, buscando entender a demanda de cada pessoa. "Não é só executar o serviço, mas buscar a essência daquilo. Isso vai proporcionar uma experiência única ao cliente", sustenta.

Antenada a este movimento, a consultora de imagem e estilo Alice Brunetto, 34, completa cinco anos de atendimento personalizado e confirma a importância de estreitar o relacionamento com os clientes.

"A consultoria de imagem é considerada uma profissão do futuro, mas o sucesso depende muito da identificação do cliente com o profissional e seus métodos, pois tem muita gente entrando nessa área", diz.

Ela conta que em Londrina as pessoas ainda estão descobrindo esse serviço. "Até mesmo nos grandes centros, mas eu estou trabalhando bem, pois acabo tendo muitas indicações, especialmente entre mulheres dos 30 aos 60 anos. E muitas com foco na imagem voltada ao mercado de trabalho", comenta.

Apesar da formação em Turismo e Hotelaria, Brunetto sempre foi movida pela paixão à moda. Ela fez cursos específicos e tem na bagagem experiências profissionais na Itália e em São Paulo.

Hoje, ela oferece o serviço de consultoria de imagem e estilo e de personal stylist. O primeiro é um trabalho mais intenso, com duração de um mês. "Ele envolve vários encontros que me darão informações para construir uma proposta de identidade visual. Para isso, me baseio em métodos comprovados cientificamente", salienta.

Já o personal stylist consiste em montar looks de acordo com as tendências de moda. "É mais dinâmica e, geralmente, as pessoas buscam para uma determinada ocasião", completa.

Brunetto trabalha com valores fechados e oferece um leque de serviços. Por exemplo, uma consultoria completa tem o custo de R$ 2,5 mil e um teste de coloração pessoal, R$ 250.

"Muitas pessoas pensam que se trata de um serviço luxuoso e ainda não entendem a funcionalidade para a vida. As roupas contam histórias e fazem parte da identidade de cada um. Meu trabalho se baseia em ajudá-las a transmitir tudo isso", conclui.

A experiência faz toda a diferença

"Pesquisei bastante e fui atrás do curso para me especializar", diz Bruna Queiroga, que atua como pet sitter e dog walker há quatro anos
"Pesquisei bastante e fui atrás do curso para me especializar", diz Bruna Queiroga, que atua como pet sitter e dog walker há quatro anos | Foto: Marcos Zanutto


O especialista em Gestão Estratégica de Pessoas, Bruno Melo, lembra que o mercado hoje é muito competitivo, dando às pessoas mais de uma referência em determinado segmento.

"Isso proporciona um poder de escolha muito maior e será a boa experiência que fará a diferença, pois, hoje, o consumidor também conta com ferramentas para buscar informações sobre o serviço antes de contratar", reforça.

Pensando nisso, a pet sitter e dog walker Bruna Graciolli Queiroga, 34, resolveu buscar conhecimento para oferecer um serviço personalizado em Londrina. Há quatro anos e meio, ela deixou um emprego com carteira assinada para transformar o amor pelos animais em profissão.

"Pesquisei bastante e fui atrás do curso para me especializar porque eu precisava de conhecimento profissional para me responsabilizar pelos animais de outras pessoas. Hoje, vejo que é um diferencial, porque tem muita gente trabalhando nessa área", revela Queiroga.

Além da divulgação entre amigos, ela criou um perfil nas redes sociais e, hoje, já vê uma maior procura por seus serviços. "As pessoas vão me indicando porque conhecem meu trabalho. Eu atendo uma média de seis clientes por mês, mas no período de férias e feriados prolongados, quando as pessoas costumam viajar, a demanda aumenta", diz.

A maior procura, segundo ela, é por pet sitter, que inclui de uma a duas visitas ao dia, cuidados de rotina, limpeza do local e passeio. Ela ainda oferece serviço de pernoite e dog walker, que não se resume em passear com o animal, mas ensiná-lo a andar de forma correta com o tutor. "É uma orientação", diz.

Queiroga cobra por visita e o orçamento vai variar de acordo com o deslocamento, quantidade de animais, porte, entre outros. "Um valor base é de R$ 15 a 20 por visita, mas também trabalho com pacotes. Meu trabalho é manter a rotina do animal, atendo de acordo com a necessidade do cliente. Isso faz com que o serviço seja personalizado", explica. (M.O.)