"Antes, para selecionar dez negócios para aceleração, analisávamos 200 candidatos. Hoje, analisamos 1,3 mil", revela Renan Rego
"Antes, para selecionar dez negócios para aceleração, analisávamos 200 candidatos. Hoje, analisamos 1,3 mil", revela Renan Rego | Foto: Douglas Luccena/Divulgação



O fato de ser um segmento com importante participação de jovens empreendedores e iniciativas de pequeno porte não significa que grandes corporações não desenvolvem negócios de impacto social. Segundo a gestora da Yunus Negócios Sociais no Paraná, Nastássia Romanó, há bons exemplos de negócios sociais criados por gigantes da indústria. "Um exemplo é a joint venture Grameen Danone, uma parceria da Yunus com a Danone. Ela produz um iogurte enriquecido para combater a desnutrição infantil em Bangladesh", aponta.
Esse é um dos papéis da Yunus, que tem unidade no Brasil há três anos. "Nós fazemos a aceleração de empreendedores que estão iniciando um negócio social e damos consultoria para empresas que querem otimizar algum projeto e torná-lo uma unidade de negócio social independente. Também temos formas de patrocínio dos nossos programas para empresas que não podem criar suas próprias unidades de negócios sociais, mas querem associar suas marcas a esse tipo de iniciativa", explica Nastássia.
Para disseminar o conceito de negócio social, ainda pouco conhecido no Brasil, a Yunus tem se dedicado a parcerias com entidades do setor, como a Câmara Americana de Comércio (Amcham), que na semana passada promoveu em Curitiba o Comitê de Empreendedorismo e o contato de gestores paranaenses com o modelo da Yunus.

SETORES ESTRUTURAIS
Com o lema "entre ganhar dinheiro e mudar o mundo, escolha os dois", a Artemísia acelerou 79 negócios em cinco anos, com investimentos de mais de R$ 40 milhões. "Nosso foco principal está nos setores estruturantes: saúde, educação, serviços financeiros e habitação, porque 40 milhões de brasileiros não têm moradia digna, 40% da população não tem conta corrente ou poupança e 75% depende do SUS", argumenta o gerente de aceleração da Artemísia, Renan Costa Rego.
Segundo ele, há uma grande perspectiva de crescimento desse segmento no Brasil e muita gente já percebeu isso. Um levantamento inédito conduzido pela Artemísia mostrou uma significativa evolução do setor: de 2011 para 2015 houve um aumento de 386% nas inscrições para a aceleradora. "Antes, para selecionar dez negócios para aceleração, analisávamos 200 candidatos. Hoje, analisamos 1,3 mil. Essas pessoas enxergam os problemas sociais do País como oportunidades", conta.
Além da Yunus e da Artemísia, outras opções de apoio ao desenvolvimento de negócios sociais já existem no Brasil. São fundos internacionais, iniciativas globais e nacionais que começam a investir nesse segmento.

OPORTUNIDADE
A Caixa Econômica está, neste mês, recebendo inscrições de negócios financeiros com boas soluções para a população de baixa renda. O Desafio de Negócios de Impacto Social vai selecionar, inicialmente, até quinze negócios e aportar até R$ 15 mil em cada um deles. Na etapa final, alguns desses empreendedores receberão até R$ 200 mil para testar suas soluções. (J.G.)