Tiago Conceição montou uma empresa que oferece modalidades esportivas e cursos para profissionais: "Deixei de ser personal trainer para investir como gestor"
Tiago Conceição montou uma empresa que oferece modalidades esportivas e cursos para profissionais: "Deixei de ser personal trainer para investir como gestor" | Foto: Gina Mardones



Quando Rosana Sohaila Teixeira Moreira concluiu a graduação em Educação Física, ela tinha apenas uma opção: atuar como professora nas escolas. Os anos se passaram e, desde então, ela vem acompanhando os avanços na área.

Um importante marco, segundo ela, foi a separação entre bacharelado e licenciatura dos cursos de Educação Física e, mais recentemente, a ampliação dos campos de atuação dos profissionais.

Ela é coordenadora da graduação e pós-graduação em Educação Física da Unifil (Centro Universitário Filadélfia) e cita que hoje os profissionais estão começando a despertar para a necessidade de qualificação que vai além do conhecimento técnico, convencional.

"Se antes o curso era voltado para uma realidade mais técnica, agora ele abrange também a questão da profissionalização, com conhecimentos em áreas de gestão e empreendedorismo, seguindo uma demanda do próprio mercado. É claro que vai de cada profissional saber se posicionar nesse novo espaço de atuação", observa.

Pensando nessa tendência, a instituição abre vagas para o curso de pós-graduação "Gestão e Marketing no Esporte", coordenado em parceria com Luiz Gustavo Nascimento Haas, do Instituto Avançado de Ensino, Pesquisa e Tecnologia de Londrina (Iaepetel).

"O foco é a qualificação e aperfeiçoamento na área gerencial e executiva da gestão do esporte, contemplando disciplinas como marketing e comunicação, visão de empreendedorismo, ética, relações interpessoais, entre outras", afirma Rosana.

O presidente do Conselho Regional de Educação Física da 9ª Região do Estado do Paraná (Cref9/PR), Antonio Eduardo Branco, confirma a mudança no mercado e destaca a importância da formação continuada.

Ele diz que nesse sentido o Conselho vem promovendo 48 modalidades de cursos em parcerias com instituições de ensino e associações visando capacitar os profissionais.

"A formação em Educação Física, de modo geral, ainda é generalista. É preciso que as universidades coloquem em prática o encontro dos alunos com novas tendências, através, por exemplo, das federações de diferentes esportes, pois existe uma gama de modalidades que o profissional atual deve estar atento", aponta.

Seguindo este raciocínio, Branco cita que no País estes profissionais atuam em apenas 30% do mercado de trabalho. "Tem muitas modalidades que ainda estão nas mãos de leigos e, apesar de termos cerca de mil novos formandos anualmente, há oportunidades para todo mundo, aqui e em outros estados", sustenta.

O Cref9/PR possui cerca de 30 mil registros, sendo 27 mil de pessoas físicas e pouco mais de 3 mil jurídicas.

Valorização
Branco defende que os novos modelos de negócios não vão valorizar a profissão. Esse reconhecimento, segundo ele, depende do profissional oferecer um serviço de qualidade.

"A faculdade os gradua e o Conselho os habilita ao serviço, mas quanto mais capacidade e senso de empreendedorismo eles tiverem, melhor", ressalta o presidente do Cref9/PR.

Partindo desse entendimento, os londrinenses Tiago Conceição e Silvio Prado se tornaram sócios-proprietários há dois anos da Vibe, uma empresa que oferece além de diversas modalidades esportivas, cursos para profissionais de Educação Física e fisioterapeutas.

"Decidi fazer uma mudança de chave. Às vezes, o personal fica preso no trabalho personalizado pelo retorno financeiro rápido, mas como todo empresário, o educador físico tem que pensar em gerar retorno a longo prazo. Eu deixei de ser personal trainer e busquei investir como gestor para capacitar outros profissionais", conta Conceição.

Formado em Educação Física, Conceição foi em busca de qualificação e hoje é também mastercoach com MBA em Gestão Empresarial e Coach. Ele conta que todos os serviços da empresa seguem uma metodologia com certificação internacional.

"Eu e meu sócio fomos buscar conhecimento sobre um sistema de treinamento nos Estados Unidos, pensando justamente em criar um conceito em nosso trabalho", diz.

Sobre os workshops, Conceição informa que no ano passado foram capacitados mais de 500 profissionais em áreas específicas de treinamentos esportivos, mas também em gestão pessoal, financeira e em empreendedorismo.

"Eu precisava achar um novo nicho", diz Fabio Sousa, cujo negócio agrega 30 profissionais que atuam em cinco grandes condomínios
"Eu precisava achar um novo nicho", diz Fabio Sousa, cujo negócio agrega 30 profissionais que atuam em cinco grandes condomínios | Foto: Ricardo Chicarelli



Empresa atende dois mil alunos em condomínios
A experiência como personal trainer abriu novos caminhos para o londrinense Fabio Junior Morais de Sousa. Ele é formado em Educação Física, mas também buscou novas habilidades.

"Fiz cursos de Gestão de Pessoas e de Negócios, o que ampliou minha visão de empreendedorismo", afirma. Sousa sonhava em ter o próprio negócio, mas queria ir além de comandar uma academia. "Eu precisava achar um novo mercado, um novo nicho", completa.

Com o crescimento dos condomínios verticais e horizontais na cidade, há cerca de uma década, os espaços de lazer e prática de atividades físicas nesses locais ganharam uma valorização significativa.

"Vendo que normalmente eram os próprios condomínios que contratavam os profissionais (de educação física), percebi alguns pontos importantes. Existia uma rotatividade muito grande, consequentemente altos encargos e uma baixa qualidade nos serviços", aponta.

Com isso, Sousa montou há oito anos a Wfit, uma empresa de atividade física em geral para atender condomínios residenciais. Hoje são atendidos cinco grandes condomínios, totalizando cerca de dois mil alunos com 30 profissionais envolvidos em 26 atividades. "Vendemos serviços e por isso temos que ter uma leitura objetiva sobre nossos clientes para atender suas expectativas. Não trabalho no sentido de exigência de resultados, mas especialmente de atendimento", conclui. (M.O.)