A telefonista Sebastiana Marcia Arruda não tem medo do desemprego: "Sou pontual, não falto, procuro seguir as regras da empresa e exercer a função direitinho"
A telefonista Sebastiana Marcia Arruda não tem medo do desemprego: "Sou pontual, não falto, procuro seguir as regras da empresa e exercer a função direitinho" | Foto: Fotos: Saulo Ohara



A vida profissional possui vários estágios. As pessoas com 50 anos ou mais carregam consigo qualidades que os mais novos não têm, ao mesmo tempo, enfrentam desafios pessoais e profissionais que vão surgindo com o tempo. Segundo pesquisa apresentada pelo Instituto Locomotiva, 36% dessas pessoas continuam no mercado de trabalho.

O estudo demonstra que 36% das pessoas com 50 anos ou mais que trabalham, o fazem por conta própria, 32% são empregados do setor privado, 15% são funcionários públicos, 9% são domésticos e 8% empregadores. O levantamento também apresentou que 36% têm sua renda vinda da aposentadoria e 51% dependem da renda do trabalho. Entre os que estão no mercado de trabalho, 35% têm medo do desemprego.

"No momento em que se discute a mudança da aposentadoria, que os governantes se preocupem com a empregabilidade das pessoas com 50 anos ou mais. Do contrário, parece que eles são culpados pela situação ruim que vivemos atualmente", disse Renato Meirelles, presidente do instituto.

Sebastiana Marcia Arruda, 54, é telefonista do Hospital do Câncer de Londrina, mas, mesmo diante da crise, não tem medo do desemprego. "Eu sou pontual, não falto, procuro seguir as regras da empresa e exercer a função direitinho, o que é proposto pra mim eu faço com dedicação e carinho com as pessoas", conta. Dessa forma, acredita que está segura no trabalho.

Arruda se esforça para ter um bom desempenho e destaca a experiência como diferencial em seu trabalho, por isso, a empresa adota o compartilhamento de conhecimento. "Sempre que entra alguém a gente treina, embora os jovens já entrem muito bem, o hospital dá treinamento e incentiva a ajudar os mais novos, passar nossos conhecimentos", informa.

A pesquisa aponta que, apesar de atuantes no mundo corporativo, 81% dos entrevistados acredita existir preconceito contra os mais velhos. O garçom João de Godoy Neto, 51, acredita que os perfis entre os jovens e mais velhos são bem diferentes. "O mais jovem não liga muito pelo trabalho, se ele não se identifica, ele procura outro emprego", afirma.

A experiência também é destacada pelo garçom. "Quando você está no ramo, vai conhecendo o cliente, brinca com um, com outro não, com um fala de política, outro de futebol, quando você é novo, não sabe muito lidar com isso", afirma. Ao mesmo tempo, o garçom, que trabalha na mesma empresa há 18 anos, ressalta que o amadurecimento te deixa mais preparado para o relacionamento com o cliente.

Godoy Neto não atualizou o currículo e reconhece que talvez seja uma falha. "Minha esposa acha que eu deveria ter mais atitude, transformar um pouco, mas a essa altura do campeonato não quero me arriscar", finaliza. O incentivo veio da companheira, que iniciou a faculdade com mais de 50 anos, mas o marido não teve o mesmo posicionamento. "Ela é mais aventureira, eu não tenho mais interesse em estudar, estou cansado", finaliza.

Para o garçom João de Godoy Neto, o amadurecimento deixa o profissional mais preparado para o relacionamento com o cliente
Para o garçom João de Godoy Neto, o amadurecimento deixa o profissional mais preparado para o relacionamento com o cliente



SAÚDE PREOCUPA 70%

Entre o público na faixa etária acima de 50 anos, um quarto tem plano de saúde. O estudo mostra ainda que 70% estão mais preocupados com a saúde atualmente do que há 10 anos, 34% têm medo de ficar doente e 26% admitem medo de morrer.

As pessoas com 50 anos ou mais movimentam R$ 1,6 trilhão por ano. "É o principal mercado consumidor do nosso País, que vai comprar móveis, notebook, tablet, fazer viagens nacionais e que não se enxerga nas propagandas", disse Meirelles. A pesquisa aponta que 75% do público nessa faixa etária não se identificam com jovens vistos em propagandas de televisão e que 78% dos atores e figurantes têm menos de 50 anos de idade.

A maioria (59%), acredita que paga muitos impostos e 79% avaliam que os impostos são muito mais altos do que deveriam ser. Além disso, 77% preferem ter melhores serviços do que pagar menos impostos.

MUNDO DIGITAL

A internet mudou para melhor a vida de 87% dos internautas com 50 anos ou mais. Nos últimos oito anos, o Brasil ganhou mais de 4 milhões de usuários nessa faixa etária.

Participar de redes sociais é a maior preferência desse público, com 98% de acessos ao Facebook e 40% ao Whatsapp. O smartphone é preferência de 20% dos mais velhos. (Com Agência Brasil)