O uso intenso de técnicas avançadas de automação e sistemas de informação que permitem a autogestão das fábricas é o conceito da chamada indústria 4.0, também chamada de quarta revolução industrial porque está transformando o modo de produção industrial no mundo. Para trabalhar nessa nova indústria, é preciso saber pesquisar, desenvolver projetos técnicos, ter habilidade para a resolução de problemas e participação em ações de empreendedorismo inovador. Como qualificar os trabalhadores para a indústria 4.0 é um dos temas da Conferência Internacional de Educação Profissional, que vai até 12 de agosto na sede do Senai Jardim Botânico, em Curitiba.
O evento, organizado pelo Senai, tem como objetivo proporcionar aos especialistas da área ferramentas para o desenvolvimento de suas competências de atuação, em uma área de grande importância para a empregabilidade na indústria. Entre os palestrantes de 13 países estarão autoridades da Organização Internacional do Trabalho (OIT), como o diretor da OIT para a América Latina e Caribe, José Manuel Salazar-Xirinachs.
Filipe Cassapo, gerente do Centro Internacional de Inovação do Senai Paraná, explica que a quarta revolução industrial está ligada à digitalização das indústrias, o que inclui processos que usam nuvem industrial, realidade virtual e a tomada de decisões. "Tudo isso ajuda as empresas a serem mais eficientes, o que atualmente é até mesmo uma questão de sustentabilidade. É um caminho sem volta e uma grande necessidade, diante da importância de entregar cada vez mais produtos e serviços usando menos recursos", comenta.
Neste contexto, ele avisa que o profissional que será exigido nos próximos 15 anos deve ser capaz de atender as exigências das empresas digitais. "A mudança tem o lado positivo de criar empregos com alto valor agregado e alto nível de conhecimento", afirma. Se o Brasil não for capaz de passar para essa transição, ao contrário, há o risco de perder empreendimentos industriais.

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
A falta de educação profissional no Brasil e na maioria dos países do mundo é um dos principais problemas que fazem os jovens terem dificuldades para deixar o desemprego, segundo o diretor regional da Organização Internacional do Trabalho (OIT) na América Latina e Caribe, José Manuel Salazar-Xirinachs. Ele defendeu que o desenvolvimento dos países deve ser inclusivo e destacou o papel de instituições como o Senai na educação profissional, durante entrevista concedida na abertura da Conferência Internacional de Educação Profissional, realizada em Curitiba (PR).
Para o diretor regional da OIT, se a formação profissional for baixa em relação à demanda e à necessidade dos jovens, a empregabilidade se torna pequena também. Ele cita o fato de a taxa de desemprego entre os jovens ser três vezes maior do que a dos adultos, em quase todos os países.
Ele destacou a atuação de instituições que incentivam a educação profissional na América Latina e no Caribe, dentre elas o Senai e o Sistema S como um todo. Salazar menciona que o Brasil tem liderado na América Latina, com seu potencial, o investimento em parques tecnológicos.

DESENVOLVIMENTO
Em geral, o desenvolvimento econômico, na opinião de Salazar, tem seguido uma agenda inovadora em três diretrizes para trazer bem-estar e garantir empregos de qualidade para a população: que o desenvolvimento seja duradouro, com metas para dez ou 20 anos; que seja inclusivo e que, dessa forma, proporcione mobilidade social, redução da pobreza e de desigualdades sociais; e que tenha sustentabilidade, com preocupação com a preservação do meio ambiente.