A frequência característica do assédio moral é a grande responsável pelos prejuízos sofridos pela vítima. "O assédio promove o isolamento da pessoa e a sensação de estar num poço sem fundo, de poder ser banida do ambiente de trabalho, de adoecer e ser taxada de louca. Isso faz com que ela adoeça, a princípio na forma de depressão, depois a ideação suicida e até o suicídio concretizado", explica o psicólogo Roberto Heloani.
Segundo ele, só neste ano, o Fórum Trabalhista de São Paulo foi cenário de três suicídios. "Eu estive lá, recentemente, conversando com o desembargador, e ele concorda que a organização do trabalho, também para os magistrados, está regida por metas cada vez mais auspiciosas, cada vez mais rígidas, e as pessoas não se adaptam", conta.
Além da depressão, o assédio moral pode provocar síndrome do pânico, burnout – a doença do esgotamento profissional – e até esquizoidia, transtorno de personalidade caracterizado pelo retraimento social.
Segundo Heloani, a Justiça do Trabalho tem tratado o assédio moral como ilícito grave. Isso porque o indivíduo não é o único atingido. "O assédio vai minando o ambiente familiar porque, obviamente, não é possível, em hipótese alguma, isolar o ambiente familiar do ambiente de trabalho. Se você passa um dia infernal no trabalho, você chega em casa e vai descontar em quem te ama", argumenta. (J.G.)