"Se com um filho, sem considerar que ele tem ou não uma limitação, os pais já têm uma proteção, quando há uma deficiência esse protecionismo se estende por mais tempo, pois a família sabe o preconceito e descaso da sociedade em geral".
Esse pensamento compartilhado por Andréa Koppe, presidente da Unilehu (Universidade Livre para a Eficiência Humana), em Curitiba, reflete uma realidade que pode ser transformada.
De acordo com Andréa, é importante deixar a pessoa com deficiência ter autonomia, buscar seus direitos e lutar. "Até mesmo para dar uma chance para o mundo aprender. A família tem que começar a permitir que a pessoa alce voos na sociedade e cuidar no sentido de exigir respeito e ensinar a sociedade", sustenta.
A instituição social tem 12 anos de atuação e surgiu com o propósito de fazer a inclusão da pessoa com deficiência (PCD) no mercado de trabalho. Hoje, ela também se destaca como formadora de aprendizes. De acordo com ela, desde 2010 já foram atendidas mais de 300 PCDs na aprendizagem profissional.
"O problema da inclusão ao meu ver é mais do que não saber fazer, é não querer fazer. Apesar das leis de inclusão terem mais de 25 anos no Brasil, ainda há um entendimento por parte das empresas de que a PCD traz uma perda de produtividade e problemas de adaptação", comenta.
Andréa diz também que é preciso evoluir na aprendizagem profissional, pois há um público que precisa de mais tempo para conseguir as habilidades necessárias para o mercado de trabalho, como as pessoas com deficiência intelectual.
"Isso envolve o trabalho das entidades formadoras, a consciência dos empresários sobre a potencialidade dessa pessoa para determinada função e os profissionais de RH, que devem estar atentos à possibilidade de fazer adaptações nos postos de trabalho para que a empresa se torne mais inclusiva", aponta.
Andréa reforça que acessibilidade não é somente ambiental, mas também comunicativa e instrumental. "É muito importante que o RH tenha o olhar de que a deficiência pode desaparecer com as tecnologias assistivas. Precisamos mudar o foco, pois em relação às pessoas com deficiência a sociedade costuma sempre pensar no não", finaliza. (M.O.)