Já foi o tempo em que o sucesso profissional dependia basicamente de um modelo a ser seguido. Assim como as empresas estão transformando seus negócios, os profissionais também estão tendo que se adaptar a um novo universo.

Hoje, um bom currículo não se resume apenas às competências técnicas. Ele se estende às habilidades sociais. Toda essa "evolução" exige então, que o profissional avance em questões de autoconhecimento, aliando produtividade e satisfação.

É nesse ponto que surge a dúvida: como se preparar para atender essas expectativas? Para a psicóloga e coach Camila Kauam, o primeiro passo é entender o quanto as suas competências estão de acordo com o mercado de trabalho e em quais aspectos é preciso se desenvolver. "É fazer uma autorreflexão", resume.

Provocar essa reflexão é justamente um dos estímulos do coach, profissional em alta, contratado basicamente para assessorar o cliente, fazendo-o refletir sobre as ações e o incentivando a agir em direção aos objetivos e desejos.

Autorreflexão: psicóloga Camila Kauam sugere que o primeiro passo é entender se as competências estão de acordo com o mercado de trabalho
Autorreflexão: psicóloga Camila Kauam sugere que o primeiro passo é entender se as competências estão de acordo com o mercado de trabalho | Foto: Anderson Coelho



No entanto, cada indivíduo pode se empoderar para desenvolver potencialidades. É como despertar internamente, um pouco do trabalho de um coach. A psicóloga e consultora de Recursos Humanos (RH) da De Bernt, Izabel Araujo, reforça que cada vez mais está sendo buscado no profissional, sua capacidade de encontrar alternativas para assumir o papel de gestor da própria carreira.

"Para isso, ele precisa ter uma autodireção para poder empreender esse desenvolvimento. Nessa linha, entendemos que existe uma tríade que é formada pelo conhecimento, habilidade e atitude", comenta ela, que tem expertise em processos de Coaching de Lideranças.

Imagem ilustrativa da imagem Desperte o 'coach' em você



Izabel explica que o conhecimento é aquilo que se vai buscar aprender. Já a habilidade é colocar esse aprendizado em prática, e por fim, a atitude é colocar em prática no dia a dia.

"O importante é olhar para sua carreira, sua história e entender até onde você quer chegar e o que você tem de desafio para alcançar esse desejo. Temos muitas alternativas por perto que não sabemos porque não investigamos. Então, o papel do profissional que está buscando um patamar diferente de carreira é de pesquisador, de investigador", completa.

Para um começo, a especialista orienta o indivíduo a buscar saber de um ex-chefe ou amigos e familiares, por exemplo, o que acham que ele precisa em termos de aprimoramento comportamental.

"Se ele ouviu que não tem uma comunicação tão boa, ele pode buscar um curso de oratória ou até mesmo um trabalho de interesse na própria comunidade, em que possa exercitar esse aspecto", ressalta.

Em relação ao conhecimento técnico, a consultora destaca os cursos reduzidos. Para exemplificar, ela cita as ferramentas virtuais que podem ter um custo, mas que geralmente são menores que as aulas presenciais.

"Além disso, o profissional pode envolver sua rede de contato, integrando pessoas que também queiram desenvolver a habilidade, formando grupos de conversação. Existem alternativas que vão ser disponíveis a partir do momento que a pessoa se mobilizar a buscar e nesse momento, é importante ativar os relacionamentos", sustenta.

"Estou sempre de olho nas oportunidades, ainda mais quando são gratuitas", comentou o analista de RH Rodrigo José de Faria
"Estou sempre de olho nas oportunidades, ainda mais quando são gratuitas", comentou o analista de RH Rodrigo José de Faria | Foto: Roberto Custódio



De cursos rápidos à leitura na biblioteca
A psicóloga e coach Camila Kauam, instrutora do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) em Londrina, também dá algumas dicas para quem quer se autodesenvolver, sem pesar no bolso.

Um recurso viável, segundo ela, são os cursos rápidos de capacitação. "A pessoa pode investir em aulas específicas para área de atuação ou mesmo, os básicos como o de idiomas e informática. Tudo é válido quando o objetivo é investir em si mesmo", diz.

O Senac tem uma programação trimestral de cursos presenciais, sendo alguns gratuitos ou com um custo de investimento baixo. Segundo Camila, entre os jovens há uma grande procura por temas de liderança, já os adultos se interessam muito por aulas que envolvam relações interpessoais.

O analista de Recursos Humanos (RH) Rodrigo José de Faria, de 26 anos, participou recentemente de uma palestra gratuita sobre Gestão. "No meu dia a dia, o maior desafio é lidar com a subjetividade de cada um dos colaboradores, alinhando-os com o perfil da empresa", justifica.

Ele é formado em Gestão de RH, está cursando a faculdade de Psicologia e sempre quando é possível volta à sala de aula em busca de capacitação. "Eu cresci vendo meus irmãos se esforçando para conquistar algo e o próprio mercado dá sinais de que o profissional precisa de diferentes conhecimentos. Estou sempre de olho nas oportunidades, ainda mais quando são gratuitas", conta ele, que atua no Instituto de Hematologia de Londrina (Ihel).

No universo online, a oferta de cursos gratuitos tem acompanhado essa demanda. Fabio Neves, diretor do Instituto Politécnico de Ensino a Distância (iPED) que possui mais de cinco milhões de alunos, observa nos últimos anos um aumento na procura pelas aulas gratuitas nas áreas de Administração, Gestão e Liderança, Motivação e Produtividade.

"O conteúdo do nosso curso gratuito é igual ao do plano plus, que é pago. A diferença está nas atividades complementares, como as reflexivas e os grupos de discussão", afirma Neves. Ao todo, o iPEd oferece 300 opções de cursos gratuitos.

Outro recurso disponível a toda comunidade e que vem sendo esquecido são as bibliotecas. A instrutora Camila acrescenta que há exemplares que ajudam a despertar para o autodesenvolvimento.

"Em nossa biblioteca, qualquer pessoa pode utilizar os livros. Eu indico, por exemplo, o ‘Tempo – estabeleça prioridades e torne sua equipe mais produtiva’, de John Hoover, ou o ‘Inteligência Emocional’, de Daniel Goleman", indica. (M.O)