O trabalho de um designer pode causar certa estranheza ao ser relacionado ao ofício de administrar uma empresa. No entanto, o processo de criação utilizado, por exemplo, para desenvolver uma cadeira pode ser absorvido pelas corporações.
Esse é o novo modo de pensar no universo corporativo, que vem ganhando espaço, principalmente em tempos de crise. Nesse modelo, chamado design thinking, o consumidor final, seja de um produto ou serviço, é o foco principal e faz parte do processo, em conjunto com profissionais ou expertises de diversas áreas.
E ao invés de ficar amarrado em planilhas, o trabalho é mais prático com pesquisas de campo e testes com os usuários. Por mais que esse pensamento possa parecer lógico para algumas pessoas, o fato é que no dia a dia das empresas, ele se torna muitas vezes inexecutável.
Basta pensar o quanto tem sido difícil experimentar novos caminhos quando se está em busca de desempenho, em um curto prazo e sob pressão. Porém, especialistas acreditam que em momentos de crise como o que atravessamos agora, esse exercício deve ganhar atenção.
Grandes corporações já têm esse pensamento inovador e não é à toa que saíram na frente e estão conseguindo se manter no mercado. A técnica ganhou maior repercussão em 2009, quando Tim Brown, CEO da Ideo, um importante grupo de consultoria e inovação, apresentou a metodologia do "pensamento de design".
Marcelo Ramalho, docente da Business School São Paulo, observa que a técnica, seguindo o modo de pensar dos designers, terá sempre como base o consumidor. "Nada mais atual do que pensar no cliente final. É por isso que o design thinking ganhou importância. Você diminui riscos porque consegue ter um olhar de quem realmente vai se beneficiar do produto ou serviço. A solução vai estar realmente conectada com o seu mercado", diz.
Ramalho cita que a metodologia começou a ser apontada como solução para as empresas a partir do Fórum Econômico Mundial, em 2006. Desde então, passou a ser discutida como estratégia e ganhou força com a crise.
"O objetivo de quem o utiliza não é esperar a crise passar. É a alternativa para afastar os efeitos", comenta. Seguindo este raciocínio, as muitas empresas que consideravam cortar recursos investidos em tecnologia, equipamentos e, inclusive, pessoal passaram a repensar essa ação e buscar novos caminhos, traçados pelo pensamento criativo e inovador.
Segundo Ramalho, algumas pesquisas revelam que as corporações que utilizaram o design thinking tiveram resultados financeiros adequados, além de agilidade em encontrar soluções.
"Porque o objetivo também é inovar de uma forma rápida. Você vai ter que resolver os problemas do dia a dia e, ao mesmo tempo, utilizar técnicas modernas que estão no mercado. Se não fizer isso, o concorrente vai fazer. Além disso, a demora no desenvolvimento das ideias, pode torná-las envelhecidas para o mercado", acrescenta.

MUDANÇA
Um estudo conduzido pela Telesperience para Amdocs, fornecedora líder de soluções de experiência do cliente, aponta que os estilos de gestão CEO precisam passar por mudanças para se manterem bem sucedidos nos próximos cinco anos.
O levantamento foi divulgado recentemente e contou com a participação de cem grandes provedores de serviços de comunicações de todo o mundo. Foram entrevistados, CEOs e altos executivos de gestão.
Como resultado, 73% disseram acreditar que essas mudanças devem ser impulsionadas pela inovação, maior valor para a organização por meio de ideias de condução e estratégia e boas gestões corporativa e operacional.
Isso porque o estudo ainda mostrou que as maiores barreiras para o sucesso são a falta de estratégia e incapacidade para executar mudanças. Até 2020, os entrevistados acreditam que a habilidade mais relevante para essas inovações será a capacidade de criar estruturas organizacionais de apoio.
Ou seja, o novo modelo de CEO deve liderar com exemplos e experiências e ainda valorizar a contribuição das equipes, ligando as metas dos consumidores às da organização.