O diretor executivo Ricardo Imperatriz: "Não se pode deixar o resultado ser afetado por medo de se indispor"
O diretor executivo Ricardo Imperatriz: "Não se pode deixar o resultado ser afetado por medo de se indispor" | Foto: Divulgação



Vários caminhos conduzem um profissional ao cargo de gestor, coordenador ou líder de uma equipe, mas as atribuições necessárias a uma liderança bem-sucedida convergem em competências semelhantes que mesclam um profundo conhecimento específico com postura comportamental e valores pessoais. Acima de tudo, quem busca enveredar pela carreira executiva precisa estar ciente da responsabilidade em gerir e desenvolver pessoas a fim de atingir os resultados da organização.

Considerado uma autoridade no desenvolvimento de lideranças, autor de diversas obras e professor da Fundação Dom Cabral e Fundação do Instituto de Administração (FIA) da Universidade de São Paulo (USP), Eugenio Mussak recomenda aos profissionais que direcionam a carreira para esse viés investirem em uma formação sólida que garanta um conjunto de competências para a missão de conduzir um time a atingir os propósitos da missão daquela organização.

"Todo líder tem uma missão, um propósito a atingir de forma correta e sem destruir pessoas, como alguns equivocadamente o fazem. Liderar é extrair o melhor de cada integrante do time, tal qual o regente de uma orquestra. Somente assim a lideração e a organização atuam de maneira sustentável", aponta. Para ele, que na semana passada esteve em Curitiba, no II Encontro das Micro e Pequenas Empresas do Paraná, onde ministrou uma palestra sobre o papel da liderança para aproveitar as oportunidades em tempos de crise, momentos críticos são considerados "excepcionais" para o aprimoramento das empresas que precisam superar as adversidades.

"As crises são reveladoras de lideranças e denunciadoras de fraudes". Nesse aspecto, Mussak ressalta a necessidade de investir no tripé (leia mais nesta edição) de atribuições para de fato contribuir para o desenvolvimento. "Ninguém consegue ser o que não é por muito tempo. E é importante ter isso em mente quando se almeja uma função na qual é preciso inspirar os outros e que o fracasso do líder impacta na vida de várias pessoas", argumenta.

O diretor de educação do Isae-Escola de Negócios, doutor em Engenharia de Produção e professor da Rede da Fundação Getúlio Vargas, Antonio Raimundo dos Santos, acrescenta que a liderança atual vai na contramão da figura do chefe. "Antigamente, o que contava era o desempenho e o fator determinante do sucesso do comando era o resultado combinado, como o número de peças a serem produzidas. Hoje, você adiciona aos resultados todas as competências ligadas a postura, uma vez que a percepção do trabalho para a geração atual é de ser o local onde se constrói sonhos e relacionamentos, antigamente, vida e trabalho eram completamente separadas", constata.

"Costumo dizer que junto ao excelente profissional que você contrata, vem uma pessoa. Isso significa que todos os valores da Era Industrial não se tornaram dispensáveis, mas precisam ser somados aos valores atuais da Era do Conhecimento, para a liderança funcionar de maneira plena", aponta.
Raimundo ainda orienta a todos que almejam a liderança terem em mente que liderar tem por essência prestar um serviço e implica na arte de "se envolver com gente".

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Inquietude
Para o diretor executivo (CEO) e líder em sustentabilidade da GolSat, empresa de gestão de frotas corporativas, Ricardo Imperatriz, a vocação para liderança veio desde o primeiro estágio em administração, no qual após passar por todas as evoluções, ele pediu para sair porque queria mais autonomia para fazer diferente e melhor.

"Enxerguei a necessidade de se colocar em prática várias ações sem uma permissão prévia para isso por conta do meu senso de urgência em fazer melhor. A consequência foi que depois de um tempo que encerrei o estágio na empresa, veio uma proposta de trabalho como coordenador", recorda.

Para ele, essas características administradas internamente de forma humilde e com a certeza de que "ninguém faz muito sozinho" foram determinantes para o sucesso dele como executivo desde então. "Outros pontos cruciais são a constantes busca pelo autoconhecimento, focar na colaboração, pois o mundo é dos makers (de quem faz) e continuar leve mesmo nas adversidades", resume. Para Imperatriz, a missão de liderar em prol do bem comum justifica as eventuais situações em que é importante se indispor com algum colaborador ou alguma situação. "Não se pode deixar o resultado ser afetado por medo de se indispor."