Sem essa de publicar sonhos!
Alguém chega e lhe diz: "Eu sou o cara mais legal do mundo. Sou perfeito e você tem que ser meu amigo!" Isso é horroroso. Você acredita? Sei que não. Ninguém é perfeito – por mais que diga ou pretenda.
Uma empresa lançou uma campanha caça-talentos para seu RH nas mídias sociais com o seguinte título: "Este é um dos nossos vencedores". Segue-se a foto e o depoimento de um funcionário testemunhando ser o Paraíso trabalhar lá.
Eu me incomodo com esta comunicação – mesmo entendendo seu propósito.
Eles fazem um apelo emocional e vago, movidos pela crença de que isso basta para alcançar o resultado que buscam. A realidade nunca é mencionada. Só o mundo ideal e encantador. Eu os acompanho a bom tempo. Eles estão meses e meses à procura de novos funcionários. O que há? Alta rotatividade? Se sim, o modelo adotado para este programa não atrai e nem convence.
Não seria mais interessante veicular algo como: "Aqui temos oportunidades reais de carreira" e mostrarem alguém que, de fato, esteja subindo na carreira interna? Mas não! Eles preferem usar o adjetivo "vencedor". E eu me pergunto: "Vencedor de que? Estamos falando de empresa ou de uma batalha?"
Mas a minha intriga não para aí. Vejo o RH de outras empresas fazerem exatamente o mesmo, com o texto ipsis litteris. É o reino encantado do Ctrl C e Ctrl V resolvendo todos os problemas e salvando a pele de quem não usa – ou não tem – massa encefálica.
Se aqueles para quem servir a carapuça ficarem zangados com a minha crítica, peço desculpas desde já. No entanto, sou obrigado a dizer que a minha iniciativa visa o bem de todos, inclusive o deles.
Há pessoas muito bem pagas nessas empresas, eu sei. Deviam produzir algo autêntico e que funciona. E por que não racional e mais realista?

Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes em Londrina