ÉTICA
A raça humana tem aprendido muito no decorrer dos últimos sessenta séculos. Mas estranhamente ainda não sabemos como viver a vida.

Coloque vinte pessoas numa sala. É muito provável que haverá uma concordância unânime sobre temas como padrões de saúde, direitos humanos, igualdade, livre arbítrio, paz mundial e outros. Então deixe-as sair dali para lidarem com seu dia a dia. Agora você terá vinte opiniões diferentes sobre como todas aquelas coisas devem ser aplicadas e sobre seu significado prático.

As opções diárias que a vida apresenta, e até muitos princípios com que concordamos, viram opiniões conflitantes quando tentamos aplicá-los. Exemplos? Aborto, pena de morte, suicídio assistido etc. A confusão vai desde perfil racial e alimentação até religião nas escolas, passando sobre política de gênero e muito mais.

Acontece que ideias e princípios definem apenas o quadro geral. E isto não é suficiente, até porque poucos conflitos são sobre o quadro geral. A maior parte deles é sobre ‘como’, ‘quando’ e ‘onde’.

Assim, um dos temas mais discutidos no exercício de qualquer carreira profissional é a ética. Mas na hora da experiência, vê-se que não basta saber o que é. É preciso ter conhecimento profundo e depois entender suas variações e sutilezas.

A diferença é como ter a foto de uma pessoa e ser casado com ela por vinte anos. A foto mostra um rosto que tem um nome. Se eu encontrá-la na rua, eu saberia ser ela. Mas não teria a menor ideia de como ela gosta de seu café; do tamanho de seus sapatos; de seu sorriso ao ser elogiada, ou de sua reação quando ofendida.

Da mesma forma, não basta saber que isto é uma atitude ética e aquilo antiética. Precisamos viver a ética intensamente e bem de perto – perto o bastante para discernir, conhecer, "casar" com a ética, senti-la nos nossos ossos e por fim na mente. Isto é o que habilita "ser ético", e não só falar a respeito!

Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes em Londrina