Jogar a culpa em outros é próprio dos covardes
Conta a lenda que, prestes a assumir o comando do Partido Comunista da União Soviética, em 1964, Leonid Brejnev recebeu três envelopes de seu antecessor, Nikita Kruschev. A recomendação era de que um envelope fosse aberto a cada crise que viesse.
Algum tempo depois da posse, lá veio uma crise. Brejnev abriu o primeiro envelope. O conteúdo trazia a seguinte mensagem: "Ponha a culpa em mim."
Mais alguns anos, e chegou mais uma crise. Brejnev abriu o segundo envelope herdado de Kruschev, em que leu: "Ponha a culpa em mim de novo."
Outra crise não demorou a chegar, e Brejnev, mais uma vez lançou mão da sapiência do líder anterior. E o que a última mensagem dizia?
- "Prepare três envelopes."
Mesmo sendo atitude desprezível e baixa, pôr a culpa em alguém é prática corriqueira no mundo político e no ambiente do crime – organizado ou não.
Mas a vida corporativa requer ética para que seja longeva. A regra é: "Não se preocupe com quem você elogia. Mas cuidado sobre quem você atira a culpa."
Você e eu podemos cair muitas vezes no percurso da nossa carreira. Mas isto só será um fracasso real e humilhante quando dissermos que outra pessoa nos empurrou.
Quem erra e dá desculpas acaba de cometer duplo erro. A raposa, arrogante e malvada em todas as fábulas, diz que a armadilha a apanhou, e não sua imprudência.
Desculpa é fraqueza. Desculpa é recurso negativo, é covardia.
O que você faria com a mensagem dos envelopes de Kruschev?
Assuma os seus erros. Depois, aprenda a superá-los. Só não dê boas explicações para livrar a sua cara. É horroroso.
Eu desejo e espero, francamente, que o seu sucessor – seja ele quem for – tenha razões suficientes para se orgulhar de você. E que descubra exemplos com que se inspirar cada vez que souber das suas atitudes, decisões e superações de desafios.

Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes em Londrina