Curitiba - A venda direta, no sistema porta a porta, responde hoje por 0,75% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e gera 4 milhões de ocupações diretas. O lucro médio de um vendedor no País é de R$ 323,15. Dos revendedores que possuem outra fonte de renda, 50,7% têm carteira assinada ou têm o próprio negócio, o que demonstra que a venda direta funciona como uma espécie de complemento de renda.
Os dados são da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), que aponta que 90% das vendas no Brasil são de cosméticos e o restante se divide em produtos de higiene, de cuidados pessoais, utensílios para o lar e suplementos alimentares.
Um levantamento feito pela associação mostrou que, no Sul do País, principalmente Paraná e Rio Grande do Sul, 28,3% dos revendedores formam equipe de vendas, este número está apenas atrás do Sudeste (29,7%).
O último dado disponível da ABEVD apontou que, em 2011, o Brasil respondeu por R$ 50 bilhões em volume de negócios de vendas diretas contra R$ 26 bilhões em 2010.
A diretora executiva da ABEVD, Roberta Kuruzu, explicou que os principais motivos que levaram a este crescimento foram a ampliação do número de empresas que começaram a atuar neste canal nos últimos anos e os investimentos das companhias em inovação. Além disso, houve uma capacitação melhor das consultoras e o aumento de vendedores que têm a venda direta como fonte principal de renda. As empresas também investiram em novas categorias de produtos.
O balanço de vendas de 2012 ainda não foi divulgado. Para 2013, ela acredita que o setor continue crescendo com as previsões de melhora da economia.
Um segmento que começa a se destacar no porta a porta é o de roupas, o que justificou a entrada da rede de lojas Marisa neste setor. A empresa tem um projeto-piloto para este tipo de comércio e já possui cerca de 700 consultoras que estão nas ruas do País vendendo roupas femininas por meio de catálogos. A expectativa é ter mais de 10 mil consultoras até o final de 2013.
A expectativa da Marisa é alcançar, em cinco anos, um faturamento de cerca de R$ 500 milhões com a venda direta, lançada sob o slogan ôAgora a Marisa está onde você estiver". A empresa não divulgou qual é a projeção de vendas para o Paraná. A companhia informou que, por ter capital aberto, não faz estimativas tão específicas.
''Acreditamos bastante nesse canal porque ele é totalmente complementar às lojas físicas e ao canal virtual. É uma compra totalmente assistida, dentro da casa da nossa cliente'', disse o diretor de produtos e serviços financeiros da Marisa, Arquimedes Salles, em teleconferência a investidores.
A empresa está testando o modelo desde dezembro de 2012 e tentando descobrir que tipo de produto terá mais aceitação por parte dos consumidores. Ainda assim, Salles acredita que o fato de a marca já ser conhecida será uma vantagem inicial.
''Esse é um mercado inexplorado. Praticamente não existe nenhuma empresa focada em vender vestuário de porta em porta no Brasil, pelo menos não com o enfoque de moda que a Marisa quer implementar'', disse Salles.
A Avon, por exemplo, que também faz vendas de porta em porta, tem em seus catálogos não só cosméticos, mas também roupas, sapatos e artigos para casa, entre outros produtos.
Atualmente, o pagamento é feito exclusivamente com cartão de crédito. A partir do segundo trimestre deste ano, a Marisa deverá passar a oferecer aos consumidores a possibilidade de pagar a compra com o cartão da rede e boleto bancário. ''O crédito ao consumidor é uma coisa que a gente já conhece. Será uma questão de implantar tecnologia para que ela possa usar o cartão'', afirmou Salles.
O catálogo da Marisa oferece um mix de produtos que inclui lingerie, moda feminina, acessórios e calçados.