Claudio Kaneta, agricultor na região de Cambé, deixou de plantar trigo neste ano por causa do baixo valor pago pelo produto e optou pelo milho, que tem remunerado melhor. Porém, Kaneta revela que não desistiu da triticultura. Para o próximo ano, o produtor pretende destinar 15% dos 108 hectares de sua área de plantio para a produção de trigo, mas desta vez com variedades diferenciadas e que atendam as necessidades dos mercados mais exigentes.
Segundo especialistas, investir na produção de trigo de qualidade pode ser uma alternativa para produtores, como Kaneta de Cambé, melhorarem a rentabilidade da produção em momentos de baixa de mercado, como vem ocorrendo nas últimas safras de inverno. Não é possível saber exatamente quanto um trigo de alta qualidade vale mais do que um tipo comum, pois isso depende de quem compra, do grau de glúten, da elasticidade do produto, entre outros fatores. Mesmo assim especialistas dizem que esse mercado é uma saída para os triticultores fecharem bons negócios.
Para se interar melhor das novidades sobre o cereal, Kaneta participou ontem de um dia de campo promovido pela Embrapa Soja que apresentou para produtores, estudantes e especialistas a nova variedade de trigo BRS Gralha-Azul. Desenvolvida para as principais regiões produtoras do Paraná, o novo produto tem como principal característica a alta qualidade, exigência que atende às necessidades das indústrias de panificação. Segundo informações da Embrapa Soja, a BRS Gralha-Azul é um trigo da classe Pão/Melhorador, cuja farinha pode ser utilizada para a produção do pão francês.
De acordo com Manoel Bassoi, pesquisador da Embrapa Soja, a variedade foi obtida por meio de sucessivos cruzamentos realizados durante as pesquisas que duraram 12 anos. A principal característica que difere a BRS Gralha-Azul dos demais tipos de trigo, afirma ele, é o seu alto teor de glúten. Além disso, a novidade registrou durante os seus experimentos uma boa resistência às doenças como o oídio, ferrugem da folha e também as manchas foliares.
''Nos experimentos também registramos uma produtividade 10% superior em relação às variedades testemunhas, aquelas utilizadas em âmbito de comparação'', salienta o pesquisador. Ao todo já foram destinados para experimentos em campo 160 toneladas da BRS Gralha-Azul. A variedade ainda não está disponível para comercialização. Bassoni acredita que levará cerca de dois para estar nas lavouras comerciais.
O produtor de Cambé, Claudio Kaneta, afirma que assim que a tecnologia estiver disponível para o mercado, ele deverá inseri-la na sua safra de inverno. ''Com trigo de melhor qualidade temos mais garantias de boa rentabilidade'', sustenta. O agricultor acrescenta que os produtores devem estar sempre em busca de novas tecnologias para melhorar a renda e para valer os investimentos. A BRS Gralha-Azul é indicada para plantio nas regiões Central, Norte, Oeste e Sudoeste do Paraná e, além disso, poderá ser implantada no Sul do Mato Grosso do Sul.

Imagem ilustrativa da imagem Trigo de qualidade pode ser a saída para o produtor