A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) caiu de 0,23% na pesquisa até o último dia 7 para 0,07% no período até o dia 15, puxada principalmente pela redução nas tarifas de transporte público e no preço de alimentos. Os números da pesquisa feita pela Fundação Getulio Vargas fizeram com que os técnicos do órgão reduzissem a projeção para o mês de julho, de 0,25% para deflação de 0,05%. Com isso, é provável que a alta de preços acumulada em 12 meses fique abaixo do teto da meta do governo federal, que é de 6,50% ao ano. Mesmo assim, especialistas afirmam que não é momento de baixar a guarda para a inflação.
Entre as classes de despesas, seis das oito analisadas tiveram decréscimo. As deflações foram em transportes (-0,01% até o dia 7 para -0,44% até o dia 15), alimentação (-0,08% para -0,23%) e vestuário (0,18% para -0,03%). Houve ainda recuo nas taxas de habitação (0,56% para 0,49%), saúde e cuidados pessoais (0,44% para 0,38%) e educação, leitura e recreação (0,43% para 0,31%). Em despesas diversas houve alta de 0,20% para 0,27% e em comunicação ficou estacionado em 0,19%.
Pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação, o valor estava em 6,70% até junho. Como a taxa foi de 0,43% em julho do ano passado, o acumulado voltará para dentro da meta caso seja confirmada a projeção negativa em 0,05%, feita pelo coordenador do IPC-S, Paulo Picchetti.
O presidente do Sindicato de Economistas de Londrina, Ronaldo Antunes, diz que a queda nos preços se deve a questões pontuais, como o fim de problemas climáticos na produção de alimentos e a redução nas tarifas de transporte em grande parte das capitais, após as manifestações populares de junho. "Mas o governo continua com medo da inflação, tanto que aumentou seguidamente a taxa de juros (Selic). Mesmo porque o dólar ainda puxa a inflação para cima."
Antunes lembra que a valorização da moeda norte-americana faz com que subam os preços de importados, principalmente combustíveis. "A entrada da inflação para dentro da meta é um alívio, mas a situação não está tranquila. Tanto que governo já abandonou o centro da meta e vai buscar apenas ficar abaixo do teto", afirma, ao lembrar que o peso da alta do dólar ainda não chegou aos preços.
Para o professor de economia Azenil Staviski, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), não há garantia de que a inflação ficará abaixo do teto até o fim do ano. Ele cita que protestos, como os que pararam estradas em vários estados nas últimas duas semanas, geram aumento de custos, que poderiam ser repassados ao consumidor. "Isso gera uma queda na produtividade e só não causa aumento de preços porque, como as vendas estão em baixa, os empresários preferem não fazer reajustes."
Ambos dizem que o governo encampou a causa de combate à alta de preços, mesmo que isso signifique crescimento econômico menor. "Tudo indica que teremos um 'pibinho' novamente, então a percepção é que será menos negativo se a inflação não for tão prejudicial", explica Staviski, ao citar o termo criado pela presidente Dilma Rousseff para falar do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 0,9% de 2012.
Antunes prevê que o desaquecimento econômico não deve resultar em desemprego, mas em manutenção dos índices atuais. "Se o governo federal esticar a conquista de empregos, para as pessoas de classes mais baixas vai continuar a percepção de que a renda melhorou." (Com Agência Estado)

Imagem ilustrativa da imagem Transporte gera recuo na prévia da inflação