Waldemiro Kopp, de 86 anos: "A terra do Norte do Paraná é a melhor do planeta, mas tem que cuidar. Na seca, ela empedra; molhada, fica compactada"
Waldemiro Kopp, de 86 anos: "A terra do Norte do Paraná é a melhor do planeta, mas tem que cuidar. Na seca, ela empedra; molhada, fica compactada" | Foto: Gustavo Carneiro



O futuro do manejo e conservação de água e solo é o centro da atenção de 800 profissionais de todos os estados brasileiros, do Paraguai e da Argentina até a próxima quinta-feira (24), em Foz do Iguaçu, palco da 20ª Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água (RBMCSA). Depois de 40 anos de debates, o tema é a convergência de tecnologias para o manejo sustentável em todo o País.
O diretor do Núcleo Estadual do Paraná da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (Nepar), Arnaldo Colozzi, que também é pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), afirma que a região Oeste do Estado é uma das que mais investem em conservação e manejo do solo e da água, principalmente devido à confluência de várias bacias hidrográficas importantes para todo o País.
A realização do evento em Foz permitirá, em visitas técnicas, conhecer diferentes tecnologias aplicadas em propriedades daquela região paranaense, em parceria com o programa Cultivando Água Boa, desenvolvido pela Itaipu Binacional nos municípios lindeiros ao lado da usina hidrelétrica.
O manejo e a conservação de água e solo são uma preocupação mundial porque, sem estes recursos, não existe produção agropecuária. No Brasil, o tema toma proporções nacionais porque a agropecuária é primordial para as economias regionais e nacional. Entretanto, há diferenças locais de clima, solo, bacias e culturas. "Então, temos de discutir por bioma, de forma regionalizada, a aplicação de tecnologias que reduzam os danos ambientais", afirma Colozzi.
Segundo o diretor do Nepar, o Brasil não enfrenta um "problema principal" no que diz respeito ao manejo inadequado dos recursos hídricos e do solo, mas, por conta da biodiversidade, o manejo inadequado de uma região tem influência nas outras. Por isso, a questão a ser enfrentada, afirma Colozzi, é integrar as tecnologias existentes atualmente – e "o Brasil investiu muito nisso", diz o pesquisador – com o manejo sustentável.
Mesmo com o know-how difundido, a visão de Colozzi é de que ainda falta integrar à percepção de toda a sociedade e de agentes públicos que estes conhecimentos e práticas são cruciais para o desenvolvimento sustentável. "Por isso, o eixo do nosso evento é discutir quais as conexões necessárias para o efetivo manejo e conservação do solo e água", afirma.
Nestes quatro dias, estarão em pauta tanto discussões técnicas - como a erosão pela chuva - quanto a necessidade da educação - de como levar para todas as comunidades, rurais e urbanas, que a conservação do solo é fundamental para o futuro.

Mapeamento do solo
Com cerca de 800 técnicos e universitários de todo o Brasil inscritos e 459 trabalhos para apresentação, a 20ª RBMCSA trará à discussão, em um minicurso na quinta-feira (dia 24), o Programa Nacional dos Solos do Brasil (Pronasolos). O projeto, liderado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) pretende fazer o mapeamento dos solos brasileiros, identificando as características localizadas adequadas de plantios e os problemas enfrentados.
A proposta é gerar dados que subsidiem as políticas, deem embasamento para a agricultura de precisão e para gerar políticas mais adequadas de concessão de crédito agrícola, entre outros objetivos.
Segundo Colozzi, o mapeamento vai definir a aptidão agroclimática de cada região, suscitando o respeito à capacidade do solo com embasamento técnico. Porém, para ele, isso precisa ser agregado a políticas governamentais que incentivem a produção adequada, com melhores condições de financiamento para cultivos indicados por região.