Evento reúne empresários que participam das Bússolas de Inovação e de Sustentabilidade
Evento reúne empresários que participam das Bússolas de Inovação e de Sustentabilidade | Foto: Gelson Bampi/Agência Fiep



Em uma escala de 0 a 10, as indústrias paranaenses tiraram nota 4,2 na prova de sustentabilidade na produção. Pelo menos foi essa a média das 154 que participaram da primeira pesquisa do programa Bússola da Sustentabilidade, iniciativa da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná). As empresas, de 20 segmentos diferentes, estão em 48 municípios do Estado. E, segundo o levantamento, 27% delas realizam esforços em direção à inovação para sustentabilidade.
"Percebemos que a indústria está ciente de que o ganho trazido pela gestão de práticas sustentáveis é bem acima do esforço empregado. O que impede os empresários de aprofundarem isso é o receio de decisões políticas que, de uma hora para outra, representem custo. Daí o nosso papel de garantir apoio aos empresários que querem inovar e serem sustentáveis", afirma José Antônio Fares, superintendente do Sesi (Serviço Social da Indústria), Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e IEL (Instituto Euvaldo Lodi).
Os dados do 1ª Bússola de Sustentabilidade foram divulgados semana passada em Curitiba, junto com os da terceira edição do Bússola da Inovação.
Nas duas publicações, as indústrias participantes receberam diagnósticos dos programas após responderem questionários em uma plataforma desenvolvida com metodologia própria do Sistema Fiep. "Não por acaso, o nome 'bússola' reforça o propósito deste trabalho de levantar e democratizar informações com vistas a melhorar o ambiente de negócios e chamar atenção para as oportunidades trazidas a partir desses dois motes", explicou o presidente da Fiep, Edson Campagnolo.
A gerente dos programas, Marília Souza, conta que foi necessário realizar um trabalho de desmistificação do conceito de sustentabilidade. "Fizemos isso para os empresários perceberem as oportunidades de investir nesta área e, principalmente, entenderem que, sem sustentabilidade, não existirá competitividade daqui para frente, ainda mais para quem quer exportar", disse. "As barreiras comerciais cada vez mais levarão em conta a sustentabilidade de toda a cadeia produtiva de determinado produto", complementou.
Outro aspecto que Fiep ressalta é a existência de linhas de financiamento com a finalidade de apoiar sustentabilidade e inovação. "Desde bolsas de estudos para pesquisas acadêmicas voltadas a soluções para diversas questões da indústria até linhas de fomento para melhorias e implementação de processos que reduzam o impacto", elencou José Antônio Fares.

INOVAÇÃO
A 3ª edição do Bússola da Inovação contou com a participação de 503 indústrias de 19 segmentos, instaladas em 91 municípios. Os dois estudos tiveram os dados coletados entre junho e dezembro de 2016. Uma das diretrizes do programa é a necessidade do compartilhamentos de dados e processo com toda a cadeia. "Não se inova sozinho. É preciso induzir as empresas a se relacionarem mais a fim de fortalecer um ecossistema favorável à inovação. O fato de 59% das empresas utilizarem recursos próprios para inovar chama atenção. Precisamos intensificar o compartilhamento de informações que alavanquem e democratizem essas práticas, melhorando o ambiente para todas", disse Campagnolo.

Importância do diagnóstico

A coordenadora de Segurança e Meio Ambiente da Mondelez no Paraná, Janice Zanardo, diz que a empresa trabalha com metas agressivas de redução de impacto ambiental. "Entendemos que as metas têm que ser agressivas, pois só temos um planeta", afirma. Apesar de a indústria trabalhar de forma sustentável desde 2013, a participação no Bússola da Sustentabilidade foi importante principalmente devido ao diagnóstico feito pelo programa. "Ele mostrou que precisamos olhar melhor para a cadeia produtiva como um todo, de ponta a ponta", admite
Mudanças feitas após o retorno do programa já surtiram efeito. "Sensibilizamos o fornecedor de bobina a trocar a parte de papelão pelo de náilon", exemplifica.
Já a empresária Carol de Canestraro, da Metalus Mecânica, que produz componentes para indústrias em geral, ressalta o valor do programa para novas e antigas gerações de empresários."Começamos a empresa (há 40 anos) em uma época que, intuitivamente, organizávamos processos que somente agora identificamos como práticas sustentáveis, mas não tivemos essa formação como os jovens de hoje", declara. O compartilhamento das informações, segundo ela, ajuda a melhorar os processos internos. "Isso é de um ganho inestimável", elogia. (M.M.)