Guilherme Costa, Mariana Bonora e Renato Girotto, sócios executivos da BART.Digital
Guilherme Costa, Mariana Bonora e Renato Girotto, sócios executivos da BART.Digital | Foto: Divulgação

A norte-americana Indigo, considerada a primeira unicórnio (startup avaliada em mais de US$ 1 bi) do setor de agro do mundo, chegou há pouco mais de um ano no Brasil com um produto inovador na área de biotecnologia – micro-organismos que ajudam no crescimento das plantas – e buscando adicionar tecnologia na transformação dos processos já existentes no mercado agrícola. A sede da Indigo Agriculture fica em São Paulo.

Há seis meses, a startup também decidiu atuar na área de financiamento ao produtor, utilizando a digitalização a seu favor. Na época, buscou entender como funcionavam as operações de barter no Brasil e estudou maneiras de fazer o processo mais ágil, fácil e seguro para os envolvidos. “Foi aí que começamos a procurar parceiros com experiência no Brasil, inovadores, criativos e que desafiassem o status quo”, contou Dario Maffei, CEO da Indigo Agriculture no Brasil.

A BART.Digital, startup que nasceu na primeira edição do Hackathon Smart Agro, maratona de desenvolvimento realizada pela SRP (Sociedade Rural do Paraná) na ExpoLondrina, atendeu a esses requisitos. “Neles, achamos uma empresa com muita vontade de crescer e aprender”, disse Maffei. Embora não seja uma startup com experiência no setor, a BART.Digital apresentou flexibilidade para atender as necessidades da Indigo em sua nova operação, afirmou o CEO. “A sinergia foi muito rápida.”

“Acreditamos que o produto é bastante escalável no Brasil e vamos até levar para outros países”, salientou Maffei, sobre o novo produto que resultará da parceria com a BART.Digital. Segundo ele, a parceria com a startup será de longo prazo. Sem revelar cifras, o CEO afirmou que o valor investido na parceria é “relevante”.

“A parceria com a Bart é para que a nossa plataforma tecnológica auxilie na concessão de crédito para clientes que vão consumir os produtos da Indigo Agriculture”, explicou Mariana Bonora, uma das sócias da BART.Digital. “Eles vão usar nosso sistema para gerir a operação de barter e obter dados para a análise de crédito.”

Segundo Bonora, por meio da plataforma da BART.Digital, a Indigo Agriculture poderá obter dados como de compliance socioambiental e de tendências de crédito de seus clientes. “Os produtos que a BART disponibiliza pela plataforma ajudam o cliente desde a agilizar a operação por meio de assinatura digital até conseguir base de informações utilizando blockchain para registro de contratos.” A parceria também vai envolver uma empresa do setor jurídico, parceira da BART.Digital.

A sócia da BART.Digital conta que a startup foi apresentada à Indigo Agriculture antes mesmo de a unicórnio chegar ao Brasil. O contato se deu por meio de conhecidos, que acabaram por trabalhar na startup dos EUA quando ela chegou ao País. Para ela, a convergência de valores entre as startups contribuiu para a parceria.

Mesmo com a parceria tomando boa parte do tempo e energia da BART, Bonora e outros sócios ainda moram em Londrina e ela conta que vem à cidade todo fim de semana. “Temos vários clientes por aqui. São parcerias que surgiram do Hackathon (Smart Agro).” Na última edição do Hackathon Smart Agro, a sócia da BART.Digital foi mentora. “O trabalho que tem sido feito aqui (em Londrina), o ecossistema de inovação local, é tudo muito maduro. Acompanho as ações, que se diferem do que vemos em outra cidades, porque prezam pelo planejamento estratégico para a sustentabilidade das empresas”, conclui Bonora.

Unicórnio



Cercada por gigantes em um setor dominado por empresas tradicionais, a Indigo é considerada a primeira startup unicórnio do setor de agro no mundo, avaliada hoje em US$ 3,5 bilhões. Em seu segundo ano de atividade no Brasil, pretende chegar a 60 colaboradores, 500 mil hectares de solo cultivado, 400 clientes e crescimento de oito vezes na receita. “Temos um grande foco em fazer crescer a operação no Brasil”, frisou o CEO Dario Maffei.

Segundo ele, a empresa atua sob três forças fundamentais: adicionar valor ao produtor agropecuário, contribuir para uma agricultura mais sustentável, e dar ao consumidor o que ele precisa. Isso, na opinião de Maffei, é o que fez com que a startup se tornasse a primeira unicórnio do mundo no setor de agro. O “pool” de talentos - diverso e composto por pessoas com experiência em suas áreas -, bem como as parcerias corretas, também contribuíram para o sucesso da startup, analisa o CEO.

Sendo uma startup, a Indigo considera que o seu trabalho não é “um trabalho de uma empresa só”, diz Maffei. “A mentalidade de uma startup é que ninguém sozinho pode fazer uma transformação relevante.” Para o CEO, melhor que guardar segredos da concorrência, como fazem as empresas tradicionais, é compartilhar conhecimento e estar aberta a parcerias.