Luiz Guilherme Arruda, sócio da startup vencedora da maratona da ExpoLondrina 2016: potencial agrícola brasileiro é gigantesco
Luiz Guilherme Arruda, sócio da startup vencedora da maratona da ExpoLondrina 2016: potencial agrícola brasileiro é gigantesco | Foto: Roberto Custódio



Negócios voltados ao desenvolvimento de soluções para o campo têm se mostrado um nicho de mercado com potencial de crescimento. Existem no agronegócio desafios ligados à logística, produtividade e segurança alimentar que propiciam um ambiente oportuno para a geração de novas empresas.

"Há um horizonte para novos microempreendedores individuais (MEIs) que trabalhem em soluções para problemas específicos e ganhar dinheiro", comenta o consultor do Sebrae, Fabrício Pires Bianchi, responsável pelo setor de Tecnologia da Informação e Comunicação, Startups e Inovação.

Das 252 startups que o Sebrae atende em Londrina, 33 são do agronegócio. O interesse dos empreendedores no setor cresceu rapidamente. Segundo o Sebrae, em 2015 eram apenas 20 startups. A realização do 1º do Hackathon, evento que reúne programadores, designeres e empreendedores em uma maratona de desenvolvimento de softwares, durante a ExpoLondrina do ano passado, deu um impulso no setor.
Foram selecionados 18 projetos, 13 estão sendo acompanhados pelo Sebrae, e três estão incubados. Um deles está em fase de patente do produto. O resultado do Hackathon foi tão positivo que deu frutos para a edição 2017. A Expo ampliou o espaço para tecnologia e inovação e terá um pavilhão exclusivo para debates e negócios.

Após o evento, a Sociedade Rural vai montar uma aceleradora embrionária para startups. Seis projetos que forem selecionados no Hackathon serão acompanhados por seis meses e receberão assessoria jurídica e técnica.


Para Bianchi, essa aliança estratégica entre Sebrae, Senai e Sociedade Rural do Paraná incentiva o surgimento de empresas de base para o agronegócio. "Startups de agro são algo novo. A tecnologia existe, grandes empresas como a IBM e a Totvs têm solução de alto nível, assim como a John Deere, dentro da agricultura de precisão, mas às vezes é uma tecnologia cara e que nem todo agricultor tem acesso. E às vezes as startups apresentam uma solução mais barata que auxilia na tomada de decisão", comenta o consultor.

Mais qualidade
Por outro lado, segundo ele, essas empresas podem desenvolver soluções específicas para resolver as necessidades do produtor rural. Também vem aumentando o interesse de empresas serem incubadas, assim como a qualidade dos projetos que participam das seleções. De acordo com a gerente da Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da Universidade Estadual de Londrina (Intuel), Tatiana Fiuza, dos 20 projetos inscritos este ano, quatro foram selecionadas e três são do setor de agro.

Atualmente, a Intuel conta com seis empresas incubadas de base tecnológica voltada para o campo. "Percebemos um crescimento na qualidade dos projetos que participam da seleção. A tecnologia tem sido de alto nível", avalia Tatiana.
Com a entrada na incubadora, os empreendimentos passam a receber suporte em gestão e mercado, por meio de cursos e capacitações específicas, além de estrutura física para desenvolver o negócio. Para as empresas, participar da Intuel auxilia no desenvolvimento do lado empresarial dos projetos.

"As empresas de agro têm um conhecimento técnico muito específico e fogem da parte empresarial. Dentro da incubadora, com as monitorias, se consegue ter um norte, crescer o lado empreendedor", comenta Carlos André Zimmer, sócio da Rhizotech. A incubadora também confere uma chancela para as empresas que facilita o acesso a linhas de crédito. "É um selo que abre portas", afirma Gabriela Vieira Silva, da Agrobela.

Para o sócio da IvolveTI, vencedora do Hackthon 2016, Luiz Guilherme Lira de Arruda, o potencial agrícola brasileiro é gigantesco, mas até hoje o País importa tecnologia e adapta a nossa realidade agrícola. "Essas empresas que estão aqui hoje estão fazendo o caminho contrário. Desenvolvem tecnologia para o nosso sistema e até exportam essa tecnologia para outros sistemas. Só o fato de produzirmos aqui e não importarmos é uma redução drástica no custo final", observa Arruda.