Na última reunião do ano, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu, nesta quarta, 6, cortar a taxa básica Selic em 0,5 ponto percentual, para 7% ao ano, levando o juro a seu menor patamar histórico.
Foi a décima redução seguida.
A queda de 0,5 ponto percentual representou nova redução do ritmo de corte do Banco Central -no encontro de outubro, a Selic tinha caído 0,75 ponto percentual. Desde abril, quando o juro caiu de 12,25% para 11,25% ao ano, o Copom vinha promovendo cortes de um ponto percentual.
No comunicado divulgado após a decisão, o Copom indicou que uma nova redução da taxa básica de juros pode ser "adequada" caso o cenário econômico evolua conforme a expectativa.
Os juros reais (Selic menos inflação de 12 meses) ficam em 3,98% ao ano. Não são os mais baixos da história, mas estão num nível bem razoável se comparado com o histórico desde 2007. A reportagem fez o cálculo utilizando a inflação dos últimos 12 meses. Na conta do Banco Central, que usa a inflação projetada para os próximos 12 meses (3,96%), os juros reais ficam ainda mais baixos, algo próximo a 3% ao ano.
"Redução de juros tem dois impactos. Para o setor público, ela ajuda a reduzir a dívida e ameniza o deficit fiscal. Para o setor privado, sinaliza que a inflação está controlada e que a política monetária está na direção de estimular os investimentos", afirma o economista da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), Roberto Zurcher.

Imagem ilustrativa da imagem Selic vai a 7% e é a menor da história



Ele lembra que os efeitos das medidas macroeconômicas levam de seis a nove meses para serem absorvidos. E os juros de 7% só serão sentidos no segundo semestre de 2018, caso a Selic não volte a subir. Zurcher ainda destaca que o spread bancário está descolado da queda da taxa básica. "Antes do cartão de crédito e do cheque especial, são os bancos de montadoras de veículos e demais empresas que contam com instituição financeira os primeiros candidatos a antecipar a influência de um juro mais baixo, trazendo o tão esperado efeito sob o consumo", explica.
PhD em economia e conselheiro do Corecon-PR (Conselho Regional de Economia do Paraná), Fábio Dória Scatolin comemora a nova queda na Selic mas ressalva que os juros reais ainda não são os mais favoráveis ao investimento produtivo. "Não correspondem à realidade do mundo, onde o juros estão negativos." Juros altos, lembra, acomodam o capital nas aplicações financeiras.
Com um juros do cheque especial a 320% ao ano, Scatolin considera claro o sinal de que a decisão de preservar o lucro excessivo dos bancos se sobrepõe ao crescimento econômico. "Algumas argumentações para o spread bancário ser tão elevado no Brasil, como a alta carga tributária e o elevado depósito compulsório exigido, fazem sentido, mas nada justifica o lucro garantido aos bancos no Brasil", critica.
Os economistas acreditam que o Copom possa voltar a reduzir juros na próxima reunião, em fevereiro de 2018. Porém, no médio e longo prazos, duvidam que o Banco Central consiga manter um nível baixo de taxa sem que haja uma solução para a crise fiscal no Brasil. "Não dá para cair no terrorismo de que, se a reforma da Previdência não sair já, haverá fuga de capitais. O impacto não é assim no curto prazo. Mas a dúvida sobre o Brasil honrar seus compromissos lá na frente passa a gerar incertezas nos investidores", avalia Scatolin.
Uma reforma da Previdência agora, mesmo que tímida, aceleraria a reação da economia, segundo o assessor econômico da Faciap (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná) Arthur Igreja. Apesar disso, ele considera que o País está atraente. "Até por ter melhorado de forma consolidada indicadores como inflação, que cai há mais de seis meses", afirma. Ele considera que o Banco Central, no atual governo, transmite confiança aos investidores. (Com Folhapress)