O saque das contas inativas do FGTS começa em 10 de março, pelos trabalhadores nascidos em janeiro e fevereiro
O saque das contas inativas do FGTS começa em 10 de março, pelos trabalhadores nascidos em janeiro e fevereiro | Foto: Anderson Coelho



São Paulo – Com o saque das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), o trabalhador que tem parte do dinheiro do fundo em ações de Vale e Petrobras poderá escolher se quer resgatar todo o dinheiro ou manter as aplicações nos papéis das companhias. Se decidir manter o investimento agora, ele poderá vender as ações em qualquer momento no futuro e ficar com o dinheiro - ele não retorna para o FGTS.
O saque das contas inativas do FGTS começa em 10 de março, pelos trabalhadores nascidos em janeiro e fevereiro. O resgate precisa ocorrer até julho. São contas inativas aquelas de empregos anteriores, dos quais o trabalhador pediu demissão ou foi demitido por justa causa. Para retirar o dinheiro, elas têm que ter ficado sem depósitos até 31 de dezembro de 2015.
Se quiser resgatar o dinheiro todo de uma vez, o cotista precisará sair do investimento em ações e devolvê-lo para o FGTS antes de pedir à Caixa o saque das contas inativas. Nesse caso, é preciso falar com o banco que tem a custódia das ações. O trabalhador que decidir manter o investimento poderá pedir o resgate a qualquer momento, no futuro. O dinheiro retornará para sua conta-corrente. Para isso, bastará realizar a venda das ações com o banco pelo qual fez a aplicação no passado.
Atualmente, o saque desses fundos só é permitido em casos pontuais - aposentadoria e compra da casa própria, por exemplo.
Os fundos de ações de Vale e Petrobras dos cotistas do FGTS têm R$ 4,6 bilhões em patrimônio e acumulam valorização de 12% neste ano, até o dia 21 de fevereiro. As ações da Vale subiram 30% em 2017, enquanto os papéis da Petrobras tiveram desempenho pior. As ações preferenciais da estatal (mais negociadas) têm alta de 4,64%, enquanto as ordinárias (com direito a voto) acumulam baixa de 2,72%.

ESTRATÉGIA
Para quem tem dívidas a pagar ou ainda não formou reserva financeira para emergências, a melhor opção, segundo especialistas, é sacar o dinheiro todo e levar para a renda fixa, em que poderá ser acessado com menor risco. Se o objetivo é manter aplicações em ações, ainda é preciso traçar uma estratégia, sugere José Raymundo Junior, planejador financeiro.
"Se 100% das ações do trabalhador são Vale e Petrobras, não vale a pena deixar o dinheiro lá", diz o especialista. Ele recomenda que parte do dinheiro seja resgatada para compra de papéis de outras companhias, com o objetivo de diversificar. Assim, o pequeno investidor fica menos sujeito a oscilações bruscas de mercado.
Agora, para quem planeja usar os recursos no curto prazo – como a compra da casa própria –, o melhor é vender ações e levar o dinheiro para investimentos mais seguros.

Quase 200 mil empresas devem o FGTS no País
São Paulo - Cerca de 7 milhões de trabalhadores não tiveram depósitos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), incluindo contas ativas e inativas, feitos corretamente por seus empregadores. São 198,7 mil empresas devedoras de depósitos de FGTS, segundo a PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda. As informações são da Agência Brasil.
Com isso, muitos trabalhadores que quiserem sacar o saldo do FGTS de uma conta inativa podem ter problemas. Só em São Paulo, são 52,8 mil empresas devendo depósitos no FGTS de seus empregados e ex-empregados, em um total de R$ 8,69 bilhões em débitos. No Rio de Janeiro, as dívidas chegam a R$ 4,1 bilhões, distribuídos entre 27,7 mil empresas inadimplentes.
De acordo com a procuradoria, só em inscrições de empresas na dívida ativa existe um débito de R$ 24,5 bilhões. Contudo, nem todas as empresas listadas entre as devedoras estão inscritas na dívida ativa, ou seja, o valor desse débito é maior. Uma empresa só é inscrita na dívida ativa quando não faz acordo com o Ministério do Trabalho, ou faz o acordo, mas não o cumpre.
O rombo nas contas dos trabalhadores poderia ser ainda maior. Entre 2013 e 2016, a Procuradoria da Fazenda conseguiu recuperar R$ 466,9 milhões, efetuando a cobrança com as empresas.
Caso o trabalhador verifique que a empresa para a qual trabalha ou trabalhou não fez os depósitos corretamente, ele deve procurar a própria empresa. Outra dica é ir a uma Superintendência Regional do Trabalho, vinculada ao Ministério do Trabalho. O ministério é o órgão responsável pela fiscalização dos depósitos nas contas do FGTS dos trabalhadores. (Folhapress)