A aplicação em Tesouro Direto começa a ganhar cada vez mais adeptos, conforme aumenta o conhecimento dos investidores e a busca por melhores rendimentos, além da caderneta de poupança. O número de cadastrados na Secretaria do Tesouro Nacional (STN) aumentou 65,5% em 12 meses até julho e já havia passado de 500 mil pessoas em junho. Por isso, analistas começam a chamar a atenção para novas opções na carteira de quem busca engordar a conta no fim do ano, os títulos privados.
A principal diferença entre papéis públicos e privados é o risco. Isso porque há maior possibilidade de uma empresa ou instituição financeira quebrar do que o governo, que é quem emite títulos de dívida pelo Tesouro Direto. Por isso, é necessário que investimentos privados paguem mais para que compensem o investimento dos mais familiarizados ao mercado ou que tenham perfis menos conservadores.
O educador financeiro André Bona afirma que a migração dos investidores é comum ao longo dos anos. "Primeiro vem a poupança, depois partem para os títulos públicos e então, para os privados, seja com remuneração pela Selic, pré-fixados ou pelo IPCA, que protege contra a inflação", diz.
Ele lembra que as pessoas preferem colocar o dinheiro no governo por entender que o Estado dificilmente quebrará. "Mas uma empresa estruturada, com anos de 'estrada', também não vai falir de um dia para o outro", cita Bona.
Se mesmo assim houver temor de perder o dinheiro aplicado, o educador orienta a aplicação em títulos segurados pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que devolve até R$ 250 mil em caso de falência. Após decretada a intervenção na instituição financeira, os valores devem ser pagos em até três dias úteis pelo FGC, conforme a legislação nacional.
Entre os tipos mais comuns de títulos privados com acesso ao FGC estão o Certificado de Depósito Bancário (CDB), as letras de crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) e as Letras de Câmbio (LC). No caso do CDB, cada instituição financeira oferta rendimentos de acordo com o risco que oferece. Assim, é comum grandes bancos oferecerem rentabilidade menor do que os pequenos.
Bona diz que é possível aplicar em financeiras mais desconhecidas por meio de busca pessoal pela internet ou por meio de corretoras, que listam instituições, riscos e rendimentos. Ainda, o investidor solitário pode obter informações sobre a saúde de cada banco pelo endereço eletrônico bancodata.com.br.
Tal qual o Tesouro Selic, o CDB tem liquidez diária. Porém, é comum que quanto mais longo for o prazo de investimento, maior a receita. "Se o Tesouro Selic paga 97% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), o CDB precisa pagar 100% para compensar e, se deixar no CDB por anos, dá para chegar em 118% ao ano", conta o educador.
Professor da Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Guilherme Ribeiro de Macedo afirma que não é incomum obter 130% do CDI e que já viu um caso de 180% "em um banco ruim".
Já as LCI e LCA garantem isenção de desconto em Imposto de Renda (IR), o que faz com que tenham rendimentos menores. É preciso que o investidor faça a conta para ver qual vale mais a pena. "Mas, de acordo com as últimas notícias, essa isenção de IR tende a ser retirada pelo governo", diz Macedo.

Imagem ilustrativa da imagem Risco que compensa



PERFIL
Macedo afirma que, mais do que o tipo de aplicação financeira, é preciso levar em consideração o perfil do investidor. Ele lembra que os prazos esperados de retorno e a idade da pessoa devem ser considerados antes de definir a escolha por títulos públicos ou privados, bem como sobre o tipo. "Para uma pessoa idosa que tem perfil de risco alto, por exemplo, não é interessante investir em ações, porque o ativo pode perder valor e demorar muito para recuperar", diz.
O professor da UFRGS considera como mais comum que pessoas de perfis conservadores apliquem quase todos os recursos disponíveis em poupança ou CDB. "Ou no máximo em títulos públicos", conta. Os mais tradicionais tendem a investir até 20% em ações, 60% em renda fixa e outros 20% em poupança, para emergências. "Os jovens com perfil arriscado podem começar a investir em ações e, ao longo do tempo, migrar para títulos mais conservadores e de renda fixa", completa.