Imagem ilustrativa da imagem Paranaenses têm renda comprometida, mas contas em dia
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O endividamento do paranaense está acima da média nacional e alcançou em dezembro o maior índice dos últimos quatro anos (90,6%). De acordo com a Radiografia do Endividamento e Consumo, elaborada pela Fecomércio PR (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná), 87,9% das famílias possuíam algum tipo de dívida ao longo de 2017. A média anual brasileira ficou em 60,7%.

Ao longo do ano passado, o Paraná liderou o ranking nacional de endividamento, seguido por Roraima e Santa Catarina.
Em Londrina, esse percentual, em novembro, foi de 61,9%, segundo a Peic (Pesquisa de Comprometimento de Renda e Inadimplência de Londrina), realizada pela UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná).

Entre as famílias do Estado com renda superior a dez salários mínimos, o índice de endividamento chegou a 94% no último mês do ano. Já nas famílias de menor renda, a taxa de endividados ficou em 89,9%. A coordenadora de pesquisas da Fecomércio, Pricila Andrade, afirma que a concentração de endividados nas famílias com maior renda é reflexo da retomada da liberação de crédito pelas instituições financeiras, e também, por causa do perfil dos entrevistados.
A pesquisa é realizada mensalmente com 500 famílias de Curitiba. "O funcionalismo público em Curitiba é uma parcela alta, o salário mínimo também é maior por aqui do que em outros Estados. Essa combinação de fatores explica o índice de endividamento alto do Estado", justifica a coordenadora.

Análise
De acordo com o Departamento de Pesquisas da Fecomércio, o endividamento não deve ser considerado, em princípio, como um fator negativo. A existência de dívidas indica capacidade de compra e a possibilidade de parcelamento. O percentual de pessoas com as contas em atraso é considerado baixo. No ano passado, ficou na média dos 27,3%, enquanto que 10,4% não tinham condições de honrar suas dívidas. "O percentual de contas em atraso chegou a 29,8%, mas veio caindo. Em dezembro, foi de 27,1%, e na média do ano fechou em 27,3%. É um indicador estável que mostra que as pessoas estão conseguindo pagar suas contas", afirma Andrade. O índice de inadimplência também está em queda. Em novembro estava na faixa de 10%, e, em dezembro, encerrou em 9,5%.
Ainda segundo a coordenadora de pesquisas da Fecomércio, os fatores que influenciaram os indicadores foram a injeção de recurso com a liberação do saque do FGTS das contas inativas, a retomada da liberação de crédito pelos bancos, e as taxas de juros mais baixas. "Agora, os investidores precisam ver esses números positivos do Estado e voltarem a investir aqui, para termos mais empregos. As nossas pesquisas mostram a economia voltando a respirar", diz Pricila Andrade.

VILÕES
Os principais motivos de endividamento dos paranaenses em 2017 foram o cartão de crédito, que correspondia a 70,4% nas contas em aberto; o financiamento de veículo e o financiamento imobiliário, com 9,7% cada, respectivamente. A maioria dos consumidores (45%) considerava ter um nível moderado de dívidas, mas outra parcela considerável, 27,5%, reconhecia estar muito endividada. O tempo de comprometimento com dívidas ficou bastante distinto: enquanto 44,8% dos endividados estavam com o orçamento comprometido por apenas três meses, 44,1% comprometeram sua renda por mais de um ano.
O londrinense também compromete mais de 70% da sua renda com cartão de crédito (31,3%), financiamento de imóveis (20,2%) e veículos (19,2%). O Peic realizado em novembro mostrou que 64,70% dos entrevistados se consideravam mais ou menos endividados, enquanto que 19,10% se diziam muito endividados e 15,10% tinham poucas dívidas.

Inadimplência baixa em Londrina

O percentual de endividamento do londrinense caiu ao longo do ano. Em fevereiro do ano passado era de 68,2%. O índice de pessoas com dívidas em atraso estava em 30,9% naquele mês e reduziu para 28,3% em novembro. Também houve redução entre aqueles sem condições de pagar as dívidas, de 9,8% para 9,1%.
O balanço do ano será divulgado em fevereiro, mas de acordo com o economista Marcos Rambalducci, responsável pela pesquisa da UTFPR, a tendência é ser positivo. "Precisamos levar em consideração três dados: grau de comprometimento da renda, que significa que as pessoas estão confiantes na economia e estão consumindo; um percentual elevado de pessoas com contas em dia mostra que há dinâmica neste consumo; e a inadimplência baixa. Isso tudo mostra uma estabilidade em Londrina", comenta o economista.

Acil
O número de inclusões no cadastrado de devedores SPC/Acil fechou o ano com redução de 7,95%, e as exclusões tiveram um balanço positivo de 5,5% em relação a 2016. "Com a iminente retomada de um ciclo virtuoso na economia e consequente aumento na oferta de postos de trabalho, a expectativa para 2018 é que estes números continuem se mostrando positivos". Ao longo do ano passado, em apenas quatro meses houve crescimento neste movimento em relação aos mesmos períodos de 2016, diz Rambalducci.
Entretanto, dezembro apresentou dados atípicos, de acordo com o economista. O número de inclusões no cadastrado cresceu 52,43% em relação a dezembro de 2016. Na avaliação de Rambalducci, isso pode ser reflexo da demora do comerciante em fazer a inclusão da dívida no cadastro e também o fim do pagamento do FGTS inativo.