Membro do Conselho da BACCF e sócio-gerente da Center Group, Carlos Mariaca
Membro do Conselho da BACCF e sócio-gerente da Center Group, Carlos Mariaca

No ano passado, o total do comércio entre Flórida e Brasil superou os US$ 20 bilhões, o que faz do País o principal parceiro comercial do estado norte-americano. O montante representa 29% de todo o comércio entre o Brasil e os EUA. As oportunidades de negócios com o estado do Sul dos EUA e com todo o País são intensificadas por um programa do governo norte-americano – o Sistema Geral de Preferências - que isenta cerca de 3,5 mil produtos brasileiros de impostos de importação.

A abertura dos Estados Unidos para o comércio com o Brasil atraiu dezenas de participantes a um dos eventos realizados pela Agência Terra Roxa e pelo Sebrae, com participação da Câmara de Comércio Brasil-EUA da Flórida (Brazilian-American Chamber of Commerce of Florida – BACCF) sobre “Como ingressar e investir no mercado norte-americano”, nesta quarta-feira (10), na ExpoLondrina.

O membro do Conselho da BACCF e sócio-gerente da Center Group, Carlos Mariaca, explica que um dos motivos para a relação comercial entre o Brasil e a Flórida ser tão forte é o comércio do setor aeronáutico, já que a Embraer possui uma base no aeroporto na cidade de Fort Lauderdale há quase 40 anos. É também na Flórida que a Embraer instalou uma fábrica para montar o Super Tucano, o avião escolhido pelo exército norte-americano para treinar os pilotos do Afeganistão. “Existe também uma grande movimentação de produtos brasileiros que vão para a Flórida, que é uma porta de entrada para o mercado norte-americano, e tem os principais portos mais próximos do Brasil”, acrescenta Mariaca.

Além disso, o Estado da Flórida apresenta facilidades que atraem o empresariado brasileiro, como a facilidade de abertura e fechamento de empresas, e de abertura de contas bancárias. “Você consegue operacionalizar uma empresa em um período curto, de aproximadamente duas, três semanas”, ressalta o membro do Conselho da BACCF. A logística dentro dos EUA também é ágil, com a presença de empresas que fazem entregas no mundo inteiro, ele aponta. “Nos últimos cinco a dez anos o Brasil vem crescendo mais e mais como um País que tem capacidade de produção e exporta. A questão é identificar o nicho de mercado onde você é competitivo lá, bater de porta em porta e começar a fazer vendas.”

No setor de agronegócio, também existem oportunidades para as startups. Segundo Mariaca, um pequeno hub de startups de tecnologia começa a ganhar destaque em Miami. Em 2017, US$1,23 bilhão foi investido em startups de tecnologia na região, onde três universidades, governo e empresas privadas formaram um “corredor” de investimento em alta tecnologia muito voltado ao agrotech. Esse corredor abrange 23 condados, quase 74% da produção cítrica do Estado da Flórida e mais de 50% do faturamento de fazendas do Estado.

“Existem várias empresas privadas que estão afiliadas a esse programa que oferecem serviços desde drones que fazem avaliação da plantação, empresas que estão fazendo um trabalho específico de desenvolvimento de fosfato, várias empresas que estão trabalhando focadas na questão do agrotech e que podem ser potencial para as empresas daqui irem conhecer, conversar e ver que oportunidades existem naquele mercado”, exemplifica o membro do Conselho da BACCF.

Inovação
Alexandre Farina, diretor executivo da Agência Terra Roxa, destaca que a inovação tem grande importância nas relações comerciais entre Brasil e outros países. “Seja para tecnologia que está sendo desenvolvida na região, seja para tecnologia que está sendo desenvolvida em outro país e que pode ser aproveitada para e agregar valor ao que está sendo produzido aqui.”

Um passo importante para essas relações comerciais, na sua opinião, é identificar os setores para os quais a região tem vocação e buscar potencializá-los voltado a um mercado que tenha demanda e interesse. “Mas acho que acima de tudo a gente precisa mudar a mentalidade de todo o empresariado, do mercado, dos setores econômicos de modo geral para a gente entender que o Brasil é uma peça fundamental em várias cadeias produtivas e setores econômicos. Buscar interagir de forma mais objetiva, estratégica, de longo prazo com o mercado externo. Olhar para fora e trazer o conceito que está sendo muito usado no ambiente de startups, que é o 'born global'. A gente precisa nascer já pensando globalmente. Tem que pensar grande, ter conhecimento, romper barreiras de idiomas, culturais, ideológicas”, completa.

Para Farina, o Norte do Estado possui um grande potencial subutilizado e capacidade de gerar inovação agregando valor ao que se produz na região. “Quanto mais a gente consegue agregar valor ao que já tem aqui de produção, mais consegue ter margem de lucratividade, gerar riqueza e, consequentemente, mais empregos e desenvolver o Norte do Paraná como um todo.”