Brasília - A projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014 no Relatório de Mercado Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, é a menor estimativa anual desde o início de 2010, quando os analistas faziam contas para tentar adiantar o estrago que a crise internacional de 2008/2009 fez no Brasil. Pelo boletim de ontem de manhã, o Brasil crescerá apenas 0,52% este ano. No levantamento anterior, a taxa de expansão aguardada era de 0,70%.
A mudança das estimativas ocorreu depois de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar o resultado do PIB do segundo trimestre, de retração de 0,60%, na última sexta-feira. A menor taxa projetada para um ano até então nessa mesma pesquisa havia sido de redução de 0,20%, em 10 de março de 2010, dias antes da divulgação do número oficial do ano de 2009, quando o PIB encolheu 0,30%.
A indústria foi a principal responsável pela piora das estimativas ontem em relação à semana passada. Pelas estimativas dos economistas consultados semanalmente pelo BC, a projeção para o PIB industrial de 2014 passou de queda de 0,60% para diminuição de 1,23% no período. No caso do PIB agropecuário, a previsão continua positiva, mas menor em relação à pesquisa anterior, passando de 2,27% para 1,86%. Apenas o setor de Serviços apresentou melhora ainda que pequena nesse período, recebendo incremento de 1,31% para 1,40%.

INFLAÇÃO
O Relatório de Mercado Focus ainda revelou que a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2014 permaneceu em 6,27%, quando há quatro semanas a estimativa era de 6,39%. Mas para 2015 a mediana das estimativas subiu de 6,28% para 6,29%. Um mês antes, a expectativa aqui estava em 6,24%. A previsão suavizada para o IPCA para os 12 meses à frente também ficou inalterada em 6,24%. Há quatro semanas estava em 6,03%.
Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, o chamado Top 5 da pesquisa Focus, a previsão para o IPCA em 2014 no cenário de médio prazo teve uma forte mudança, passando de 6,27% para 6,34%. Para 2015, no entanto, a previsão mediana dos cinco analistas continuou em 6,48%. Quatro semanas atrás, o grupo previa taxa de 6,39% para 2014 e de 6,75% para o de 2015. Para o curto prazo, a mediana das estimativas para o IPCA de agosto seguiu em 0,23%. Já para setembro, o ponto central da pesquisa recuou de 0,40% para 0,39%.

JUROS
Economistas consultados pela instituição na pesquisa Focus mantiveram a projeção de que a taxa de juros encerrará 2014 em 11,00% ao ano, mesmo patamar atual. Para a decisão de amanhã, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC definirá o rumo da Selic, conforme as estimativas para o curto prazo, as apostas dos analistas é de que nada mudará.
O boletim revelou também que, ao final de 2015, a taxa básica de juros ficará em 11,75% ao ano, e não mais em 12,00%, como apontado na semana anterior. Esta não é a primeira vez na pesquisa feita em agosto (a atual foi encerrada na última sexta-feira, 30 de agosto) que a mediana das estimativas cai para 11,75%. Isso demonstra que os analistas estão ajustando suas previsões com pente fino e que há uma divisão sobre o nível da taxa básica de juros ao fim do ano que vem.
A previsão para a Selic média em 2014 segue há 13 semanas em 10,91% ao ano. Para 2015, porém, como consequência do ajuste feito pelos profissionais ao final do ano, passando de 11,69% ao ano para 11,63% - um mês antes essa taxa estava em 11,81% ao ano.
Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, a previsão para a Selic no fim de 2014, no médio prazo, segue em 11,00% ao ano há dez semanas. Para 2015, a mediana ficou parada em 12,00% ao ano entre uma semana e outra - há quatro semanas a projeção era de 11,75% ao ano.

Imagem ilustrativa da imagem Projeção para PIB é a menor desde o início de 2010