Imagem ilustrativa da imagem Produção industrial cresce pelo quarto mês consecutivo
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| Foto: Sérgio Ranalli



A produção industrial cresceu 1,1% em junho de 2016 na comparação com maio na série com ajuste sazonal. É o quarto resultado positivo consecutivo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento em junho teve perfil disseminado de taxas positivas. Entre os setores, a principal influência positiva veio de veículos automotores, reboques e carrocerias (8,4%), intensificando a expansão de 5,5% verificada no mês anterior.
Outras contribuições positivas importantes vieram de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (4,7%); metalurgia (4,7%); confecção de artigos do vestuário e acessórios (9,8%); artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (10,8%); produtos farmacoquímicos e farmacêuticos (4,4%); e produtos de borracha e de material plástico (2,4%).
Entre os seis ramos com queda na produção, os desempenhos mais significativos foram produtos alimentícios (-0,7%); bebidas (-2,6%); coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-0,6%); e celulose, papel e produtos de papel (-2%).
Na comparação com junho de 2015, a indústria recuou 6%. E, no índice acumulado para o período janeiro a junho de 2016, frente a igual período do ano anterior, a produção industrial caiu 9,1%.
Analistas ouvidos pela Agência Estado apontam que a retomada da indústria para os patamares anteriores à crise vai levar tempo e lembram que o setor perdeu muito espaço na economia brasileira nos últimos anos. "O quadro vem melhorando aos poucos, mas ainda estamos muito longe de recuperar as perdas do passado recente", afirma o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa. Para ele, a produção industrial deve fechar com queda de 6% em 2016, após o tombo de 8,2% no ano passado.
O sócio e diretor da MacroSector, Fabio Silveira, vê um ajuste ainda mais forte este ano, com retração de 7,5%. "Continuamos com o ajuste fortíssimo na indústria e não há perspectiva de melhora acentuada, mas de melhora suave e discreta nos próximos meses, porque as condições do mercado de trabalho, do consumo e do crédito estão fragilizadas. As exportações, que poderiam ajudar, também não vão crescer nos próximos meses", aponta.
No Paraná, o nível de otimismo varia bastante entre os representantes da indústria. Para o economista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Roberto Zurcher, não há motivo para comemorar. "O resultado é muito ruim. Todo ano, de março a outubro, a indústria tem seu período de expansão. Deveríamos estar observando um crescimento muito forte, de 4% a 5% a cada mês", afirma. Ele chama atenção ao fato de os bens de capital apresentarem a pior retração na indústria – nos últimos 12 meses, o recuo é de 26%, segundo o IBGE. "Isso comprova que a indústria não está fazendo investimentos."
Presidente do Sindicato da Indústria da Confecção (Sivepar), em Londrina, Alexandre Graciano de Oliveira está bem otimista. O frio tem ajudado o setor. "Recuperei nos últimos meses a queda de 20% que tive no primeiro trimestre." As baixas temperaturas, que começaram em maio, obrigaram os lojistas a reporem estoque. "Quem estava preparado aproveitou." O dólar acima de R$ 3, de acordo com ele, ajuda o segmento. "Esse câmbio inibe um pouco a entrada dos produtos chineses", explica. Apesar da entusiasmo, ele admite que o setor ainda não voltou a investir em novos equipamentos.
Já o presidente do Sindicato da Indústria Metalmecânica (Sindimetal), Ary Sudan, alega que a economia brasileira está no fundo do poço, mas é preciso comemorar o fato de não estar piorando ainda mais. Ele ressalta o "efeito psicológico" sobre os empreendedores do afastamento da presidente Dilma Rousseff. O sindicato não dispõe de números, mas, de acordo com ele, o segmento vem apresentando expansão nos últimos meses no Estado. "Conheço muitas empresas que voltaram a fazer investimento", garante. (Com Agência Estado)