Os criadores de bezerro do Paraná estão bastante satisfeitos com os preços de comercialização do animal neste início de ano. O preço da carne tem subido no mercado brasileiro rapidamente, atingindo novos patamares recordes, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP). Para o bezerro, o Indicador Esalq/BM&FBovespa (animal nelore, de 8 a 12 meses, alocado no Mato Grosso do Sul) acumula forte alta de 11,51% na parcial deste ano, fechando próximo a R$ 980 por cabeça. Esse é o maior patamar nominal da série histórica da entidade, iniciada em 2000. Em termos reais (valores deflacionados pelo IGP de fevereiro de 2014), a média da parcial de março, de R$ 922,76 por cabeça, é a maior desde junho de 2010, quando o preço real foi de R$ 925,25.
Entre 13 e 19 de março, por exemplo, a elevação do valor do animal vivo foi significativa. O salto foi de R$ 922,15 para 979,05 por cabeça, alta de 6,1% em apenas uma semana. Segundo pesquisadores do Cepea, as fortes altas registradas ao longo dos últimos meses refletem a oferta restrita, resultado da dificuldade para recuperação das pastagens, em decorrência da seca e consequente engorda dos animais.
O técnico especialista em pecuária do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura do Paraná (Seab), Fábio Mezzadri, explica que o momento é, de fato, interessante para os criadores de bezerro, e que isso vem de longa data. Ele relembra que quando a criação estava em crise, no início dos anos 2000, houve um abate significativo de matrizes, em torno de 50%, ocasionando ao longo do período uma escassez do produto no mercado. "A produção dos animais perdeu espaço para algumas culturas, principalmente a soja, o que acabou causando alta nos preços por um longo tempo."
Mezzadri explica ainda que a estiagem do início do ano, como está no relatório do Cepea, também é fator determinante para o bom momento do bezerro. "Agora era um momento para a oferta estar mais regular, com animais com maior peso. Porém, a falta de chuvas entre janeiro e fevereiro fez com que a pastagem não se recuperasse e os animais não engordaram. Quem está comercializando unidades em desmama (7 a 8 meses) neste momento, está conseguindo ótimos valores", relata.
Em alguns leilões do Estado, o técnico do Deral comenta que foi possível encontrar bezerros sendo comercializados acima dos R$ 1 mil a unidade, ou seja, com o valor do quilo variando entre R$ 5 e R$ 6, o que são considerados ótimos patamares de preços. "De fato, há tempos eu não via cotações tão interessantes como essas. As chuvas começaram a aumentar e, se continuarem com frequência, podem melhorar a oferta de animais no mercado. Mesmo assim, não acredito que os valores caiam muito nos próximos meses", completa.

Imagem ilustrativa da imagem Preço do bezerro acumula alta de 11,5% em 2014