Rio - Como consequência das notícias negativas vindas da indústria, comércio e serviços em agosto, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu 1,61% em agosto na comparação com julho, segundo cálculos do Monitor do PIB, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
O resultado do indicador, que vinha de dois avanços nos meses anteriores, coloca em dúvida a velocidade da recuperação da atividade econômica, mas há indícios consistentes de que já tenha começado, disse Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV. "A economia está em recuperação, mas é uma recuperação lenta. A velocidade dessa retomada depende muito das mudanças que estão sendo feitas, das reformas. Sem as reformas, essa recuperação pode morrer mais à frente", alertou Considera.
O indicador do Ibre/FGV busca antecipar o resultado do PIB a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo IBGE no cálculo oficial das Contas Nacionais. Embora ainda colecione resultados negativos, o Monitor do PIB mostra quedas cada vez menos acentuadas, nas diferentes comparações, ressaltou Considera.
No trimestre móvel encerrado em agosto, a atividade encolheu 0,35% em relação ao trimestre móvel encerrado em maio, o desempenho menos negativo em seis trimestres consecutivos.
Na comparação com o trimestre encerrado em agosto de 2015, o PIB apresentou queda de 3,2%, o recuo mais brando em um ano. O desempenho foi influenciado pela retração de 2,4% na indústria (a taxa menos negativa desde dezembro de 2014) e recuo de 2,9% no setor de serviços (o menor recuo desde setembro do ano passado).
Outro sinal positivo vem dos investimentos, graças a uma aparente melhora na construção e no consumo de máquinas e equipamentos.
No mês de agosto, o PIB diminuiu 3,2% ante o mesmo mês do ano passado, mantendo a trajetória de redução no ritmo de perdas iniciada em janeiro de 2016. Entre as 12 atividades que compõem o Monitor, apenas eletricidade (+4,2%) e serviços imobiliários (+0,1%) não apresentaram recuo contra igual mês do ano anterior. Os piores resultados foram dos transportes (-8,2%), extrativa mineral (-4,4%) e intermediação financeira (-4,0%). A taxa acumulada pelo PIB em 12 meses até agosto ficou negativa em 4,8%.